A Oliveirense conquistou a Taça Hugo dos Santos após uma vitória na final frente ao FC Porto (83-78), num jogo que até controlou na maioria dos aspetos. O troféu foi o primeiro da carreira de João Figueiredo, memória que terá para sempre, até por este ser "um jogo especial". 

"A minha mãe morreu há cerca de um ano. No ano passado foi muito complicado, não foi uma morte fácil. Entre competições, treinar todos os dias e viver com o processo e hoje, dia da mãe, ainda é tudo muito verde, é especial", comentou o técnico da formação de Oliveira de Azeméis, visivelmente emocionado, comentando o triunfo particular e coletivo: "Espero que este trabalho de consistência que temos demonstrado, desde que chegamos ao clube sirva, acima de tudo, para o clube organizar-se e perceber de que forma é que é estar na competição. Cada vez estamos muito, mas muito mais longe dos grandes e já não somos diferenciadores em relação àqueles clubes que normalmente ficam abaixo de nós na tabela classificativa. Espero que este trabalho dos jogadores, que foi brutal tenha um propósito."

Ganhou ao Sporting de forma claríssima e agora ao FC Porto. A Oliveirense está entre os grandes? " É verdade, mas estas são competições diferentes do que competições onde temos que ser consistentes  durante mais jogos [n.d.r. Liga Betclic]. Não caímos em enganos, porque surpreendemos, como é obvio, ao ganhar por 30 ao Sporting, e a seguir com um um jogo duríssimo com o Ovarense, uma equipa que neste momento tem um ou dois jogadores que nós já não conseguimos contratar, por exemplo, no mercado de verão... Já não tínhamos capacidade para contratar e, depois, na final, o FC Porto, que é uma equipa que está a fazer uma excelente época.  Internamente e fez uma grande campanha nas competições europeias, tem excelentes treinadores e um grupo de jogadores de elevadíssima qualidade. Dominarmos o jogo como dominámos, de facto... São momentos, muitas vezes, que obviamente existem maiores probabilidades de serem proporcionados se todas as condições anteriores se fizerem bem."

O que fez a diferença para vencer o encontro? "O FC Porto, de facto, entrou muito forte. Deu algum relaxamento imediato e eu acho que tivemos, obviamente, o mérito e também a felicidade de estar num grande acerto na primeira parte da linha de três pontos.  Fomos construindo opções táticas diferentes para que o FC Porto nunca se adaptasse, até porque fisicamente é uma equipa que nos causa muitas dificuldades na defesa e no ataque e, portanto, tivemos ali um bom momento, encaixámos no jogo, fizemos alguns parciais interessantes e penso que quando ganhámos a vantagem, ganhámos confiança. No que toca aos grandes, às vezes o mais difícil é convencer os jogadores que têm que estar 40 minutos com um grande foco para tentar matar o jogo rapidamente. Eu lembro-me, enquanto jogador, jogava pelo FC Porto e o meu treinador era então o Alberto Babo e perdemos a final da Taça Portugal em Évora contra o Sá, que era treinador do V. Guimarães, na altura, uma equipa da Proliga.  Portanto, estas coisas acontecem. Eu relembro que há três anos atrás nós fomos eliminados por uma equipa da Proliga  e tem muitas vezes, às vezes, a ver com a forma como os jogadores vão para dentro de campo e o foco que colocam nas ações."

Quer treinar um grande do basquetebol português? "Eu quero acreditar que a minha aquisição de conhecimento, construção, desconstrução, reflexão, já que sou treinador profissional, fui jogador profissional, sou treinador profissional sirva... A forma como eu me dedico a adquirir conhecimento e a investir. Investi, invisto e vou continuar a investir. Em termos daquilo que é, obviamente, o campeonato nacional, não quero descer degraus, quero subir degraus.  E como eu também tenho a ambição, embora difícil, de treinar no estrangeiro, quero ter experiências fora do país."