O Farense recebe o Benfica nesta terça-feira em jogo dos oitavos de final da Taça de Portugal e Tozé Marreco, treinador dos algarvios, acredita que a sua equipa continuará na senda de resultados positivos – uma derrota apenas nos últimos oito jogos – e que os seus jogadores poderão concretizar o sonho de eliminar os encarnados e apurarem-se para os quartos de final da competição. Tozé Marreco, que foi ver o Benfica-SC Braga da meia-final da Taça da Liga ao vivo para «tirar dúvidas», não vê motivação acrescida ao adversário pela conquista do troféu e deixou ainda muitos elogios ao guardião Ricardo Velho.
Com Marco Moreno castigado, o treinador do Farense vai ser obrigado a mexer no trio de centrais. Cláudio Falcão e Lucas Áfrico mantêm-se firmes no onze e para a vaga que se abre com a suspensão do central espanhol, há três pretendentes: Raul Silva, Artur Jorge e Tomás Ribeiro, reforço ex-Vitória de Guimarães que foi oficializado na sexta-feira e começou a treinar no sábado. O treinador não garantiu quem jogará, indicando apenas um nome – incontornável - do onze: Ricardo Velho.
Fique com tudo o que disse Tozé Marreco, na conferência de imprensa:
- O Farense só perdeu um dos últimos oito jogos e vai apanhar um Benfica também motivado, com a recente conquista da Taça da Liga?
«Isso para mim é uma falsa questão, porque se não tivesse ganho a Taça da Liga, vinha com a vontade de dar a volta à situação. Portanto, é uma situação que nós Farense, e eu, treinador, não controlo, e em que não me foco muito, sabendo que pode haver mais confiança, obviamente, porque é a conquista de um título. Mas se assim não fosse, a motivação com certeza que viria de outras premissas e de outros momentos. Relativamente ao nosso momento, perdemos um jogo desses oito, e não foi responsabilidade nossa, foram outros fatores que infelizmente acontecem e que toda a gente erra. E esses pontos que perdemos no jogo que se refere contra o Gil Vicente, não foi responsabilidade minha, não foi responsabilidade dos meus jogadores, mas acontece, já passou. O caminho que temos feito tem sido de consistência, de bons resultados, de nos batermos de igual para igual, de recuperar uma equipa que na altura, tinha zero pontos.»
«Agora o livro é outro, é um jogo a eliminar, passámos meritoriamente duas eliminatórias da Taça e agora o foco é dar resposta novamente, sabendo do poderio do adversário, sabendo que é uma equipa que vem da conquista de um título, e nós, com as nossas armas, com aquilo que é o meu foco, que é controlar muito do jogo do Benfica, mais do que a motivação, é saber a construção com o Kokçu no corredor, é saber o jogo de corredores que tem, fortíssimo com o Bah, com o Di Maria, com o Carreras do outro lado, com o Akturkoglu, com as dinâmicas que metem muito com o Di Maria a vir para o jogo interior e a desbloquear, isso é o meu foco, o que temos de controlar, e depois as pequenas coisas que encontramos, que obviamente nas equipas grandes há menos defeitos e coisas a explorar, e sermos muito assertivos nesse momento, naquilo que temos e sabemos o que temos que explorar, e depois meter a agressividade, crença, vontade, e saber que em alguns momentos, provavelmente, vamos ter que sofrer e temos que sofrer juntos.»
- O Farense já recebeu e fez a vida difícil ao Benfica para o campeonato no Estádio Algarve, perdendo por 2-1. Agora, jogar no São Luís, é uma vantagem?
«Desportivamente é uma vantagem jogar no São Luís, isso não há dúvida, é a nossa casa, é o nosso estádio, treinamos aqui mais vezes, é a realidade. É um campo extremamente difícil, já conhecemos os seus atalhos como se costuma dizer, financeiramente eu entendo que essa opção tenha sido tomada na perspetiva do meu presidente, que faz um esforço gigante financeiro para ajudar o clube, portanto para mim também é um não assunto. Sabendo que todas as equipas que aqui vêm também têm as suas dificuldades e esse ambiente que aqui conseguimos criar é importante, porque nos empurra, porque nos ajuda e porque ainda tem aquele fator extra de motivação que podemos encontrar no nosso campo. É o nosso estádio, sabemos da força que aqui temos, que queremos continuar a ter e sendo um jogo a eliminar, tudo é possível. Eu tenho os pés muito bem assentes no chão, sei muito bem a nossa realidade, sei muito bem das dificuldades que vamos ter. Acho que é momento também de sonhar, a saber o que temos de fazer.»
- Se o Farense ganhar, tem quase via verde para a final. O balneário sente ainda mais isso?
«Provavelmente as contas da via verde a mim chegam-me no final do mês, agora acho que não há via verde, acho que isso é uma falsa questão. Primeiro de tudo, não estou minimamente focado nisso, estou focado no jogo da manhã, ponto final, e depois no Moreirense, que é aquilo que me interessa. Eu penso muito jogo a jogo, se me perguntarem quais são os outros jogos, ao certo vou errar, porque não lhe vou saber responder. Da mesma maneira que às vezes não sei os jogos das outras jornadas porque estou só focado naquilo que é o nosso trabalho, naquilo que é a nossa organização e não me foco em nada mais. Quando dependemos de nós, só do nosso trabalho, da nossa organização, assim será. Eu acredito muito nisso, focar-me essencialmente no jogo, no que temos de controlar, no que temos de explorar, e ponto. Conseguindo passar esta eliminatória, olhamos para o resto, mas agora não perdi tempo nenhum a ver essas questões, perdi muito tempo a preparar o jogo, como fazemos sempre e de igual forma, como vamos preparar também o Moreirense. Fiz questão de ir ver ainda o jogo ao vivo da meia-final, de fazer esses 800 km no final do dia para ir ver ainda mais uma ou outra coisa que tinha dúvidas e que quis ver ao vivo. Portanto, sabemos o que temos de fazer e focar muito nisso apenas, neste jogo.»
- Tem baixas na defesa para este jogo, o Artur Jorge por lesão e o Marco Moreno castigado. Pode convocar o Tomás Ribeiro e fazer a estreia com a camisola do Farense?
«Quanto às ausências, efetivamente a que temos, é a do Marco [Moreno], de resto, conto ter toda a gente disponível, a convocatória só sairá amanhã, porque amanhã ainda temos o que fazer, na parte da manhã. O Tomás [Ribeiro], muito provavelmente, estará convocado. Agora, a partir daí, ainda não decidi quem vai jogar, disse-lhes há pouco, quando estivemos a fazer a análise de vídeo do adversário, que há uma coisa que é muito positiva, é que a equipa está a ficar muito forte por posições, há competitividade e a equipa está a ficar forte. Isso dá-me garantias para conseguir mexer quando achar necessário, como já alterámos em alguns jogos, mantivemos, efetivamente, uma base que era necessária para dar a volta aos resultados que tínhamos, mas estamos a entrar numa fase, já alterámos alguma outra coisa neste último jogo. Amanhã, não sei as alterações que vou fazer, ainda não decidi, sinto é cada vez o grupo mais forte, para conseguir alterar e isso é interessante. Depois terá a ver, obviamente, com aquilo que perspetivamos para o jogo e com aquilo que é o rendimento dos jogadores, que é isso que temos de espremer ao máximo, é que eles estejam todos a top, para ser para mim mais difícil depois fazer as escolhas. O que me interessa é que o grupo está forte, e os resultados dizem isso, sabe o que tem de fazer, está a remar todo para o mesmo lado, e isso, para mim, é impensável ter alguém aqui que não esteja absolutamente focado no grupo e no que temos de fazer. Portanto, sinto a equipa forte e preparada, quem quer que eu escolha, para ir à luta.»
- O Ricardo Velho continua a ser apontado a grandes clubes, recentemente ao Sporting. Teme perdê-lo neste mercado de inverno?
«Vai jogar o Velho! (risos). Não, sinto o Velho focadíssimo naquilo que é o trabalho da equipa, o rendimento alto, e tem sido um desafio interessante, porque à exceção do jogo do Vitória, em que teve muito trabalho e que respondeu novamente, os remates permitidos e as ocasiões de golo têm baixado, e ele tem estado ao nível de sempre. Eu disse-lhe isso na primeira conversa que tive com ele quando cheguei, que ele iria ter menos trabalho, mas que quando tivesse, iria ter as intervenções dele decisivas, que ele tinha que resolver, e ele está a fazê-lo. Já o disse, para mim é o melhor, não tenho dúvidas nenhumas sobre isso. Meritoriamente, e falando novamente abertamente, é normal que no final da época ele saia, porque merece outros voos, e porque sabe que é dos jogadores que se tem de admirar, porque nunca foi uma grande promessa. À custa do trabalho, da dedicação, daquilo que ele faz diariamente com o treinador de guarda-redes, juntamente com a equipa, ele chegou aqui porque é o trabalho dele, não foi porque o puseram aqui. É o trabalho dele e esse tipo de jogadores tem de ser muito valorizado, e eu acredito que ele no final da época, será valorizado. Se não for, é porque estão a dormir, mas eu acredito muito que será valorizado, meritoriamente, e depois no final da época ir para outros voos. Agora sinto-o aqui completamente focado, e vamos precisar dele até o final, porque há muita coisa, não é só na Taça, é o campeonato, ainda para resolver. E precisamos dele a um alto nível, que eu não tenho dúvida que ele vai estar, para continuar a fazer crescer a sua carreira.»