Não é que tenha sido uma fotocópia, mas houve laivos de déjà vu. Tal como há um ano nos Mundiais indoor de Glasgow, Isaac Nader ia para a final dos 1.500m e tal como há um ano colocou-se sempre perto da dianteira da prova, evitando surpresas.

Só que elas apareceram. Se na cidade escocesa, o neozelandês Geordie Beamish veio de trás, ultrapassando Nader e mais dois adversários nos últimos metros, tirando ao português uma medalha que parecia garantida. Agora em Nanjing, o recente medalha de bronze nos Europeus também fez por estar bem colocado, mas no final seria ultrapassado pelo britânico Neil Gourley e pelo norte-americano Luke Houser.

A medalha de ouro foi Jakub Ingebrigtsen, campeão olímpico na distância e já campeão mundial em Nanjing nos 3.000m, favoritíssimo a esta prova e que, depois de um início cauteloso, aos 800 metros já atacava para confirmar o título. Isaac Nader nunca perdeu o norueguês de vista e fez quase toda a corrida em posição de medalha. Antes da curva final, o ataque de Gourley e Houser terminava com as últimas forças do atleta do Benfica, que seria novamente 4.º, tal como em Glasgow.

Minutos depois, Salomé Afonso, prata há duas semanas nos Europeus, tinha na final dos 1.500m dos Mundiais uma tarefa complicadíssima, com a entrada das atletas etíopes e norte-americanas. Numa prova muito rápida, em que o recorde mundial esteve em risco de cair, Afonso seria 8.ª, sprintando no final com a espanhola Esther Guerrero para evitar o último posto.

A prova foi totalmente dominada pela Gudaf Tsegay, que cedo se colocou na dianteira e deixou as rivais para trás, tornando a prova muito rápida e menos adequada às características da portuguesa. Tsegay acabaria por não bater o recorde do mundo, mas caiu o recorde dos campeonatos. A compatriota Diribe Welteji foi prata e a britânica Georgia Hunter Bell bronze, numa competição de nível muito alto que, além do recorde dos campeonatos, ainda teve um recorde da Oceania e dois recordes pessoais.