É (também) assim que um treinador ganha verdadeiramente a confiança de um grupo: a cumprir com o que diz. E se há coisa que Carlos Carvalhal tem vindo a reforçar é que conta com todos. Mas, das palavras aos atos, o melhor é constatarmos que a tese é mesmo colocada em prática.
Comecemos pelo princípio. E por um dado que até poderia ‘complicar’ esta equação: Carvalhal não iniciou a época no SC Braga, tendo entrado para o lugar de Daniel Sousa no dia 12 de agosto. O que significa que o plantel não foi construído pelo experiente (e histórico) treinador que cumpre a sua terceira passagem pelo emblema minhoto.
Juntemos a este exercício um excerto das declarações do técnico no final do encontro com o Arouca (2-1), no passado domingo. «É uma gestão que nós estamos a fazer, não há titulares nem suplentes no SC Braga. E num processo de jogarmos quinta-feira, domingo, quinta-feira, não pode haver titulares nem suplentes. Há disponíveis e todos estão disponíveis [risos]», assumiu, em declarações à Sport TV.
E para que se possa ter uma real noção do trabalho que Carlos Carvalhal está a fazer nos minhotos – 4.º lugar na Liga (20 pontos), apenas atrás de Benfica (22 e menos um jogo), FC Porto (27) e Sporting (30), apuramento garantido para a final four da Taça da Liga, passagem já consumada à 4.ª eliminatória da Taça de Portugal, e ainda em competição na Liga Europa -, é necessário olharmos, então, aos jogadores utilizados. E são já 27 os que foram a jogo. Apenas Tiago Sá ainda não contabiliza qualquer minuto.
Ricardo Horta e Bruma (participaram nos 21 jogos oficiais de 2024/2025), El Ouazzani e Roberto Fernández (20), Matheus (19), Víctor Gómez (18), Vítor Carvalho e Bruma (17), Niakaté, Adrián Marín e Gabri Martínez (16), Rodrigo Zalazar (15), André Horta e Gorby (13), Bright Arrey-Mbi (12), João Ferreira (11), Yuri Ribeiro (10), Ismael Gharbi (9), João Moutinho (8), Paulo Oliveira (7), João Marques (5), Robson Bambu (4), Rafik Guitane (3), Lukas Hornicek e Thiago Helguera (2), e Jónatas Noro e João Vasconcelos (1) são os guerreiros que têm dado corpo à crença de Carvalhal em todos eles.
A época é longa, o desgaste vai-se acumulando em função da enorme densidade competitiva que coloca a equipa à prova praticamente de três em três dias, e o técnico confia plenamente no grupo que lidera. Nas equipas grandes tem mesmo de ser assim. E é (também) por isto que costuma dizer-se que os jogadores dão a vida pelos treinadores. A julgar pelos (bons) resultados, parece ser (claramente) o caso.