Ruth Chepngetich foi a Chicago para fazer história. Desde o começo foi evidente a aposta da queniana. Nos primeiros 10 quilómetros de uma das principais maratonas do planeta, a fundista cronometrava 30:14 minutos, mantendo o ritmo à passagem da meia maratona, quando registava 1.04:16 horas.

Ao cruzar a meta, as intenções da mulher de 30 anos foram concretizadas: 2,09:57 horas é o registo que entra no Olimpo do atletismo. Novo recorde do mundo na maratona, primeira mulher de sempre a percorrer a mais mítica distância em menos de duas horas e 10 minutos.

Chepngetich, natural do Val de Rift, local sagrado para os fundistas, espécie de berço de ouro do atletismo do Quénia, pulverizou o anterior melhor registo da história. A campeão mundial de 2019 tirou quase dois minutos ao recorde de Tigst Assefa, que fizera 2.11:53 em Londres, em 2023.

Chicago — que, juntamente com Tóquio, Boston, Londres, Berlim e Nova Iorque, é uma das principais maratonas do mundo — é, agora, o palco dos recordes masculino e feminino na distância. E é aí que o feito de Ruth ganha contornos particularmente emocionantes.

Há um ano, Kelvin Kiptum, também queniano, fixou em 2.00:35 o recorde da maratona. No entanto, depois da glória veio a tragédia, com o atleta de 24 anos a morrer em fevereiro.

Após cruzar a meta, Chepngetich lembrou-se do compatriota: “Dedico este recorde a Kelvin Kiptum”, disse, manifestando-se ainda “muito orgulhosa” pelo triunfo. É a terceira vez que conquista Chicago, depois de 2021 e 2022.

Entre os homens, o vencedor também foi queniano. Com 2:02:43, John Korir uniu-se a Chepngetich na homenagem a Kiptum.