
O futebol está em constante evolução, que o digam os amantes do futebol asiático. Depois dos últimos anos de investimento por parte da Arábia Saudita, foi a vez da principal competição do continente revolucionar-se. Nos próximos dias, é tempo de decisões Liga dos Campeões Asiática e com portugueses envolvidos.
Esta prova entrou numa nova era em 2024/25, com um um novo formato que promete mais emoção nas fases decisivas e prémios enriquecedores, defende a organização.
Esta reestruturação procura aumentar o nível técnico e atrair mais visibilidade global, num claro sinal de que o futebol asiático quer deixar de ser apenas um mercado emergente para se tornar num protagonista do cenário internacional. Vamos então perceber o que mudou.
Mudanças de formato e mentalidade
À semelhança da Liga dos Campeões, a AFC Champions League Elite apresenta diversas alterações face à última edição, a começar desde logo pelo novo nome.
Esta edição foi totalmente diferente das anteriores - e do que já foi feito no futebol a este nível. Nas temporadas mais recentes, existiam dez grupos onde se qualificavam todos os primeiros e os seis segundo melhores para as fases a eliminar.

Para começar, apenas 24 equipas participaram na presente edição, face às 40 dos últimos anos, onde foram divididas em dois grupos: grupo Este e Oeste. Cada grupo era composto por 12 clubes e foram realizadas oito jornadas, com cada equipa a jogar quatro partidas em casa e outras tantas fora, contra clubes do mesmo grupo.
Para a fase seguinte seguiram-se as primeiras oito equipas de cada grupo, com os oitavos de final a serem uma espécie de playoffs. Isto porque o primeiro classificado enfrentou o oitavo do mesmo grupo, enquanto o segundo bateu-se com o sétimo, o terceiro defrontou o sexto e o quarto jogou com o quinto, tudo a duas mãos.
As últimas oito sobreviventes vão agora passar por algo que é muito comum, sobretudo, nas modalidades: a final eight. O campeão vai ser decidido na Arábia, com os jogos dos quartos de final, meias-finais e a grande final a serem só a uma mão. Um verdadeiro mata-mata, onde quem perder está fora e o último sobrevivente não só recebe 12 milhões de doláres (aproximadamente 10,5 milhões de euros), como garante desde já uma vaga no Campeonato do Mundo de Clubes 2029.

Os confrontos têm início esta sexta-feira, com destaque para a participação do Al-Hilal de Jorge Jesus, que enfrenta o Gwangju da Coreia do Sul, e do Al-Nassr de Cristiano Ronaldo, que vai medir forças com os japoneses do Yokohama Marinos. Os portugueses só se podem defrontar na grande final (3 de maio), mas para lá chegarem terão ainda de passar pelas meias-finais, onde o vencedor do Al-Ahli Jeddah - Buriram United pode apanhar a equipa de JJ, enquanto Ronaldo fica atento ao Kawasaki Frontale - Al-Sadd.
Oportunidade para mais glória dos portugueses
Durante esta passagem por terras árabes, o histórico da dupla portuguesa é completamente oposto. Enquanto Jorge Jesus já somou cinco títulos, onde se regista apenas um campeonato, Cristiano Ronaldo apenas triunfou numa Taça da União das Associações de Futebol Árabe. A ausência de vitórias na AFC Champions League é um denominador comum.

É justo dizer que é apenas o segundo ano de cada um a disputar a competição (em 2018/19, o treinador português participou na Arab Club Champions Club, onde o clube acabou vice), mas a participação da última edição deixou a desejar. Curiosamente, o carrasco das duas equipas foi o mesmo, o Al Ain, que no final acabou por se sagrar campeão ao bater o Yokohama Marinos por 3-6, no total das duas mãos.
Mas este ano pode ser diferente, até porque os campeões em títulos foram a maior desilusão do torneio, ao ficarem em último do grupo Oeste com apenas dois pontos. Apesar de uma primeira-mão tremida para Al-Nassr e Al-Hilal, ambos os conjuntos resolveram tranquilamente no segundo jogo.

Agora é a altura das grandes decisões e dos grandes jogos, apesar da sorte não ter sorrido da mesma forma. CR7, Otávio e companhia têm todas as condições de seguir para a final four, uma vez que estão a ter um ano melhor que o anterior e o adversário dos quartos é, atualmente, o último classificado da liga japonesa, somando apenas oito pontos em doze encontros e estando numa sequência terrível de sete jogos sem ganhar.
Já a equipa onde também milita Rúben Neves e João Cancelo, não é a mesma que encantou e demoliu qualquer adversário o ano passado. Atualmente longe do primeiro lugar no campeonato saudita, já soma o dobro das derrotas registadas na época transata.
Para além disso, o Al Hilal ficou do lado mais complicado da chave, onde vai defrontar o segundo classificado do campeonato coreano e tem à espera ou Al-Ahli - que fez o mesmo número de pontos na competição que a equipa de JJ - ou o líder do campeonato tailandês.
Sexta-feira iniciam-se todas as decisões, em Jeddah. Vamos ter sucesso português?
* por Bernardo Castro