Valeu a pena ver o jogo, valeu a pena ficar entretido e sobretudo esperar pelo minuto 86 para se concluir que uma bicicleta serve muito bem para ir de Trás-os-Montes ao Algarve. Ainda para mais uma com motor, que ajudou a ritmo elevado para uma vitória suada mas saborosa, que mete o Chaves junto ao 4.º classificado, o Académico de Viseu, a olhar para os lugares de subida.

Os flavienses desceram a Portimão em ritmo acelerado. Viagem longa para entrada determinada, a pressionar, com bola, travando as saídas do Portimonense. E a determinação transmontana não demorou a dar frutos: dez minutos de jogo e Paul Ayongo abriu o marcador, num certeiro remate cruzado.

O Portimonense sentiu o golpe e reagiu. Os algarvios conseguiram passar a pressionar, sem deixar o Chaves continuar a sair como até então. Demorou 13 minutos o empate, com felicidade, é certo, porque saiu do azar de Bruno Rodrigues, autogolo para o 1-1.

Estava bom, o jogo. Ação e reação, melhor o Chaves na entrada, intenso e com boas dinâmicas, depois o Portimonense a equilibrar e empatar numa primeira parte que terminou com mais posse de bola para os transmontanos (55 por cento), que também tiveram mais ataques (12 contra 8) e remates (5/2).

Para a segunda parte Ricardo Pessoa lançou Tamble Monteiro. Mas foi o Chaves que primeiro teve oportunidade de marcar: Vinícius fez defesa enorme e impediu Paul Ayongo de bisar (54’). Os algarvios tiveram a sua chance aos 71’ num cabeceamento ao lado de Tamble Monteiro.

Antes, aos 66’, Marco Alves lançara quatro de uma assentada: Rúben Pina, Pelágio, Aarón Romero e… Jô Batista. E foi precisamente o avançado brasileiro que entrou para ser o protagonista e marcar o golo da vitória (86’) numa bicicleta perfeita, depois de boa jogada iniciada por André Ricardo e continuada por Pina.

Era hora de festejar mas também de sofrer, de estacionar a bicicleta cá atrás e esperar pelo apito final, que surgiu para a festa transmontana.

REAÇÕES

Ricardo Pessoa, treinador do Portimonense: «O jogo estava dividido, sem grandes situações de perigo. Sofremos num erro individual, reagimos bem e empatámos. Na segunda parte houve oportunidades para as duas equipas. Mas levámos um golo numa perda de bola e o jogador do Chaves faz o golo numa situação em que o podíamos ter condicionado mais.»

Marco Alves, treinador do Chaves: «Muitas vezes o futebol é injusto mas hoje foi de uma justiça tremenda. Se alguém merece um golo destes é o Jô. Perdoem-me o egoísmo mas esta vitória vai só para o Jô, é inteiramente dedicada a ele, pelo que ele sofreu, pela pessoa que ele é. Também dedico a vitória aos adeptos, que nos apoiaram muito, mas é para o Jô.