Pedro Proença, presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), considerou, esta segunda-feira, que a centralização dos direitos audiovisuais obrigará a uma alteração dos formatos competitivos e apontou como inevitável a profissionalização do futebol feminino.
«Terá de existir uma alteração dos formatos competitivos. O quadro desportivo atual é absolutamente impensável. Há que perceber as condições para os atletas terem esta carga desportiva, que não é possível gerir. Se queremos um futebol mais competitivo, não podemos também ter uma carga fiscal absolutamente anormal e seguros a terem o peso que têm hoje nos clubes», sublinhou, durante o seu painel na Record Summit.
Sob o nome ‘O caminho do futebol profissional’, Pedro Proença abordou o modelo de centralização dos direitos audiovisuais, ao apontar que a compreensão da forma como deve ser potenciado é fundamental para o futebol português, mas levará a alterações.
«Essas alterações terão de acontecer, mas com equilíbrios. A pirâmide toda tem de ser alterada, não é só o futebol profissional. Esta preocupação existe por parte dos clubes profissionais. Compatibilizar as competições domésticas com as internacionais é muito difícil, para não dizer impossível», ressalvou o dirigente, que lidera a LPFP desde 2015.
Pedro Proença assegurou, no entanto, que no centro de todas estas mudanças tem de estar o adepto e, quando questionado sobre a possibilidade do futebol feminino poder entrar na esfera da LPFP, enquanto atividade profissional, entende que será inevitável.
«É uma inevitabilidade. O futebol feminino vai ser altamente profissional e vai querer exigir as mesmas condições. Esse crescimento, o modelo organizativo e como se irá transformar esse profissionalismo é algo que terá de estar na nossa discussão nos anos vindouros. Cabe-nos a nós, dirigentes, saber quando e como isto vai acontecer», frisou.
Na plateia, marcaram presença os presidentes do Sporting, Frederico Varandas, do Benfica, Rui Costa, e do SC Braga, António Salvador, além do ‘vice’ do FC Porto, Tiago Madureira, com Pedro Proença a revelar que, antes do painel, estiveram todos a almoçar e a discutir a indústria do futebol, em que também se juntaram os líderes de Vitória de Guimarães, António Miguel Cardoso, e Famalicão, Miguel Ribeiro.
«Há uma nova geração de dirigentes que, independentemente da cor que defendem, tem hoje a capacidade de discutir a indústria do futebol. São presidentes que contam com personalidades e backgrounds diferentes, mas que percebem que esta atividade tem de ser potenciada, sob pena de ‘perder o comboio’ perante uma Europa evoluída. Era a modificação obrigatória e algo impulsionador para um futuro que queremos que seja muitíssimo risonho. Hoje é natural ter todos os presidentes reunidos», expressou.
No final do painel, António Salvador fez uma intervenção, na qual abordou a evolução do Sporting de Braga nos últimos 20 anos, que considerou que «muita gente não iria acreditar», mas rejeitou fazer promessas futuras, embora não coloque limites ao clube.
«O SC Braga cresceu, tem uma cidade desportiva referência em Portugal e construiu para poder ter uma base social. A evolução é natural e o SC Braga soube acompanhar a sociedade neste crescimento. Nós criámos uma base social nas escolas e, hoje, 75% dos sócios do SC Braga têm menos de 35 anos. Isso diz bem do trajeto e crescimento do SC Braga. O caminho é continuar a crescer. Agora, eu não vou prometer nada, mas também não vou impor limites», sentenciou.