
O ex-secretário geral da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) Paulo Lourenço negou hoje ter tido qualquer benefício na venda da antiga sede do organismo, depois de ter sido constituído arguido.
Paulo Lourenço e o antigo deputado do PS António Gameiro foram constituídos arguidos na Operação Mais Valia, depois de na terça-feira a Polícia Judiciária (PJ) ter efetuado buscas em vários locais, entre eles a sede da FPF, por suspeitas dos crimes de recebimento indevido de vantagem, corrupção, participação económica em negócio e fraude fiscal.
"É para mim inaceitável ver o meu nome envolvido num processo ao qual sou alheio. Não tive influência na decisão de venda do imóvel, não tive influência na escolha da proposta vencedora e não obtive qualquer benefício, direto ou indireto, com este negócio. Nego frontal e absolutamente ter recebido fosse o que fosse com este negócio. Qualquer sugestão em sentido contrário é falsa e profundamente injusta", garantiu Paulo Lourenço, em comunicado.
Na mesma missiva, o antigo dirigente garantiu não ter "nada a esconder" e que colaborou "desde o primeiro momento com as autoridades", dizendo não poder aceitar que a sua "honra e reputação sejam postas em causa por suspeitas infundadas".
"Farei tudo o que estiver ao meu alcance para que esta situação se esclareça com a máxima celeridade, não só para demonstrar inequivocamente a minha inocência, mas também para compreender como e por que razão fui arrastado para esta investigação", assegurou.
Paulo Lourenço concluiu dizendo confiar "plenamente na justiça" e esperando que "este processo seja conduzido com rigor, imparcialidade e rapidez, para que a verdade prevaleça".
O advogado Paulo Lourenço trabalhou como secretário-geral na FPF entre 2012 e 2018, e como assessor jurídico do então presidente, Fernando Gomes, enquanto António Gameiro, doutorado em Direito, foi deputado do PS eleito cinco vezes por Santarém, tendo saído da Assembleia da República em 2023.
A FPF é agora liderada por Pedro Proença, que em fevereiro deste ano sucedeu a Fernando Gomes, presidente nos últimos 13 anos e atual líder do Comité Olímpico de Portugal (COP).
As buscas estão relacionadas com a venda da antiga sede da FPF, em 2018, na Rua Alexandre Herculano, em Lisboa, por mais de 11 milhões de euros, adiantou a PJ em comunicado.
Também em comunicado, a PJ avançou que, durante a investigação, "foram identificadas um conjunto de situações passíveis de integrarem condutas ilícitas relacionadas, sobretudo, com a intermediação da venda" do edifício em questão.
Na terça-feira, foram cumpridos 20 mandados de busca em casas, uma instituição bancária e sociedades de advogados localizados nos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém.
A investigação, que teve início em 2021, está a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa e vai continuar "com a análise à prova agora recolhida e com os competentes exames e perícias".