O julgamento da Operação Pretoriano arrancou esta segunda-feira no Tribunal de São João Novo, no Porto. Debaixo de fortes medidas de segurança - 47 agentes da PSP e 13 elementos do Grupo de Intervenção e Segurança Prisional -, Fernando Madureira e os restantes 11 arguidos estiveram presentes na audiência de abertura e três deles foram já interrogados pela juíza responsável.

Madureira, o único em prisão preventiva, foi o primeiro a prestar declarações. Ao longo do testemunho, o antigo líder dos Super Dragões foi várias vezes repreendido e interrompido pela magistrada, nomeadamente por levar repetidas vezes para a sala o nome de André Villas-Boas.

«André Villas-Boas não está aqui a ser julgado. O que pretende demonstrar? Que houve incitamento e que isso justifica a ação dos arguidos?», confrontou a juíza Susana Seca, perante a permanente tentativa de Madureira em colocar no presidente do FC Porto o ónus da responsabilidade pelos graves incidentes ocorridos a 13 de novembro na Assembleia Geral dos dragões.

Macaco foi ainda pressionado com as inúmeras mensagens recolhidas em grupos de whatsapp dos Super Dragões, procurando justificar-se com o elevado número das mesmas.

«Este grupo tinha cerca de 300 participantes. Se deixava de ir lá meia hora tinha logo 500 mensagens, era impossível ver todas as mensagens», defendeu-se Madureira, ele próprio autor de algumas dessas palavras.

Posteriormente, Fernando Madureira admitiu ter mobilizado vários elementos da claque para a defesa de Pinto da Costa nessa noite, mas negou sempre qualquer ato de violência.

«Fiquei realmente nervoso e transtornado por ver sócios contra sócios. (...) Agradeci aos Super Dragões, porque se comportaram de forma exemplar. O que se passou na AG não teve nada a ver com os Super Dragões. Foi tudo criado pela máquina de campanha do André Villas-Boas para ganhar as eleições.»

Depois de Fernando Madureira, a juíza questionou Hugo Polaco e Vítor Aleixo pai, dois dos restantes arguidos.

O primeiro admitiu ter mentido à funcionária pela entrega das pulseiras de acesso à AG, quando nem sequer era sócio do FC Porto, enquanto o segundo assumiu o envolvimento numa altercação física com outro elemento presente no pavilhão.

O julgamento continuará já nesta terça-feira, com mais inquirições aos envolvidos. O FC Porto constituiu-se assistente no processo e tem um advogado presente que pode questionar testemunhas. Os dragões exigem uma indemnização civil de cinco milhões de euros no âmbito deste processo.