Uma vitória da crença e da raça, numa prova que o Nacional, afinal, também sabe vingar-se do destino. Tudo parecia perfeitamente arrumado na Choupana à entrada do tempo de compensação, com as equipas a levarem um ponto cada uma depois de um jogo equilibrado, até ao momento em que Fuki Yamada descobriu Labidi na área, que com uma cabeçada certeira e sem hipótese para Carevic deu a vitória aos madeirenses, que assim podem descer da Choupana até ao Funchal para festejarem o Carnaval um pouco mais descansados.

Este remate certeiro foi uma inversão completa daquilo que se tinga passado no derradeiro encontro dos nacionalistas em casa, quando o estorilista Felix Bacher, quando os adeptos madeirenses já festejavam o triunfo, empatou o jogo e, também, num golpe de cabeça, tal como aconteceu agora com Labidi.

Quem ficou com motivos para sorrir e massajar o ego foi o treinador Tiago Margarido, pois a vitória foi consumada por dois jogadores que foram apostas suas para tentar reverter o rumo do encontro entrados ao minuto 67 (Labidi) e ao 79 (Yamada), numa altura em que o Famalicão tinha empatado e ameaçava dar a volta por completo ao marcador, pois após Aranda (57') ter empatado, Sorriso obrigou Lucas França a grande defesa e Topic rematou com estrondo à barra.

Inviolabilidade quebrada

O Famalicão vinha duma série de cinco jogos consecutivos sem perder e sem sofrer golos, mas sentiu, na fase inicial dificuldades em adaptar-se ao terreno de jogo escorregadio e à agressividade colocada pelo Nacional na disputa de bola. Os minhotos tinham mais a bola em sua posse mas não sabiam bem o que fazer dela, sentindo-se muito a ausência do criativo da equipa Gustavo Sá, que não jogou por ter de cumprir castigo.

Os madeirenses eram mais assertivos e num desenho ofensivo muito bem gizado, Luís Esteves variou o centro de jogo da direita para a esquerda, Paulinho Bóia beneficiou duma escorregadela de Rodrigo Pinheiro, colocou a bola em Daniel Penha, que num remate cruzado bateu Carevic. Estava assim quebrada uma série de 474 minutos da equipa de Hugo Oliveira sem sofrer golos.

Pouco depois, Paulinho Bóia (22') prometeu afogar ainda mais os famalicenses, mas Carevic negou-lhe o golo. A inoperância ofensiva dos minhotos era gritante e prova disso é que na primeira parte não fizeram qualquer remate enquadrado.

Hugo Oliveira não fez qualquer alteração no onze ao intervalo, mas a equipa mudou muito de atitude após o intervalo, com Aranda, à semelhança do que tinha feito na partida com o Moreirense, a voltar a estar em destaque a empatar num belo remate de pé direito de fora da área. Os famalicenses estavam por cima do jogo, mas Margarido retificou com três substituições e depois há aquele momento abençoado para o treinador já descrito.

Reação dos treinadores

Tiago Margarido

Era importante regressarmos às vitória em casa, perante os nossos adeptos. São três pontos muito importantes nesta fase da época. Ao nível da entrega ao jogo e da crença estivemos fantásticos. Pela forma como reagimos, o resultado é justo aquilo que se passou no encontro

Hugo Oliveira

No início de jogo tivemos dificuldades em nos adaptar ao relvado e andámos sempre à procura do nosso ADN. Depois, na segunda parte, quando o encontrámos marcámos e estivemos sempre por cima. Na minha opinião, o empate já seria injusto, quanto mais a derrota... Mas o que o futebol e a vida tiram também acabam por dar. Acredito nisso

As notas dos jogadores do Nacional: Lucas França (6); Gustavo Garcia (5), Zé Vítor (5) Ulisses (5) e Apiahh (5); Luís Esteves (7), Soumaré (6) e Daniel Penha (7); Dudu Teodora (5), Isaaac Tomich (5) e Paulinho Bóia (6); Labidi (7), Rúben Macedo (5), Tagueu (6), Yamada (7) e Leo Santos (—)

As notas dos jogadores do Famalicão: Carevic (5), Rodrigo Pinheiro (4), Justin de Haas (5), Mihaj (5) e Rafa Soares (5); Mathias de Amorim (4), Topic (6) e Van de Looi (5); Sorriso (4), Sejk (4) e Aranda (7); Gil Dias (6), Simon Elisor (5) e Mamageishvili (4)