
Adepto do San Lorenzo desde pequeno, por influência sobretudo do pai, que jogou basquetebol no emblema de Buenos Aires, Jorge Bergoglio chegou a ser presença regular no balneário da equipa de futebol do Ciclón, quando era arcebispo de Buenos Aires.
Em 1998, contudo, viu proibido o acesso ao espaço, pelo então treinador do San Lorenzo, Alfio Basile.
Antigo internacional argentino, e já então com vários anos de carreira como treinador - vencedor de duas Copas Américas com a seleção alviceleste, de resto - Coco Basile não gostou de chegar ao San Lorenzo e deparar-se com uma figura da Igreja, que não conhecia sequer, com livre acesso ao balneário.
«Chego ao balneário, para a estreia, e começo: "Hoje temos de ganhar, temos de passar por cima deles, somos superiores. Vamos rapazes", etc... Nesse momento, quando já estamos para sair para o campo, entra um padre no balneário do San Lorenzo. "Quem é este padre?", perguntei. "Coco, é um padre que vem sempre, está habituado a vir e cumprimenta todos os jogadores antes do jogo", disse-me o Miele [Fernando Miele, presidente do clube na altura]. "Para que me foste buscar, então? Não ganham a ninguém! Se me foste buscar, tira-o já daqui. Não quero nenhum padre no balneário", respondi eu.»
A história foi contada por Basile em 2014, ano em que o tal padre já tinha assumido protagonismo à escala mundial, e contempla uma espécie de segundo capítulo.
«Em abril do ano passado [2013] estava num restaurante e apareceu Miele. Demos um abraço e ele perguntou-me: "Como posso não saber? Saiu em todo o lado. Francisco", respondi. «Não, esse Bergoglio é o que expulsaste do balneário. Agora é o Papa", disse-me ele».