A bancada atrás da baliza do Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas é inclinada o suficiente para que, pintada com o azul dos adeptos do FC Porto, se pareça com uma onda em vias de rebentar. Emocionalmente, o sentimento contagiado de cadeira para cadeira era um pouco esse no final do jogo.
O FC Porto perdeu contra o Moreirense (2-1) e foi eliminado da Taça de Portugal ao somar a terceira derrota consecutiva em todas as competições. Samu foi o mais inconsolável de um grupo de jogadores que, sem escudo, enfrentou os insultos e críticas arremessados pelos adeptos. As lágrimas do espanhol, suplente utilizado no encontro, foi de quem sentiu a responsabilidade de um encontro menos conseguido, em que os cónegos em nada foram inferiores.
Fran Navarro foi a grande novidade no FC Porto, mas, se os dragões tiveram acesso a um stock limitado de lances de perigo, a culpa não foi do ponta de lança. É que a chegada da bola ao avançado é incompatível com erros de percurso e, desses, os azuis e brancos cometeram muitos.
Estava a ser manifestamente custoso à equipa de Vítor Bruno alterar o centro do jogo nos momentos pós-recuperação de bola devido à ação competente do Moreirense. Em espaços reduzidos, os dragões não tiveram pragmatismo para conduzirem o encontro para zonas mais convenientes.
O Moreirense-FC Porto disputou-se então a todo o campo, visto que os cónegos conseguiram nivelar o encontro. É certo que os azuis e brancos tiveram fases de ascendência, mas aí esbarraram na organização defensiva da equipa de César Peixoto, que, nesse momento, se mostrou igualmente competente.
Danny Namaso tinha já tentado, de longe, superar Caio Secco. No entanto, coletivamente, os frutos do futebol portista eram escassos. Com tudo tão encaixado, por que não levar o jogo para os duelos? À falta de melhor, João Mário cruzou e Pepê superou Dinis Pinto no jogo aéreo para conseguir o primeiro golo do jogo.
Porém, a equivalência era tão grande que o Moreirense encontrou no mesmo método a solução para empatar. Frimpong levantou e Luís Asué concretizou no meio dos centrais do FC Porto.
O desfecho da eliminatória estava entregue ao acaso visto que, tendo uma equipa que seguir em frente, o final nunca representaria o nó que estava a ser dado no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas. Madson, o veloz extremo do Moreirense, foi imprevisível na maneira como tratou um lance dentro da grande área azul e branca. Francisco Moura foi surpreendido e tinha a mão numa zona interdita quando a bola lhe tocou. O árbitro apontou para a pinta branca do relvado onde se acalmou quem já estava em pulgas pelo prolongamento.
Alanzinho demorou a converter a grande penalidade. Esperou em frente à baliza pensando que, a 13 minutos do final, a encruzilhada podia ficar resolvida a favor do Moreirense. O remate ainda rechaçou no poste antes de ir parar à malha lateral oposta, colocando a língua de fora enquanto passava paralelamente às costas de Cláudio Ramos. São os minhotos que vão gozar da presença nos oitavos de final.