«Não está à venda nem por 70 milhões de euros». Bastaram oito jogos. Nuno Tavares está a convencer e já mereceu rasgados elogios de diferentes elementos da estrutura da Lazio.
Claudio Lotito, presidente do emblema italiano, assumiu estar «rendido» ao lateral português, enquanto Marco Baroni - treinador dos romanos - apontou para o «potencial» de Nuno e explicou: «Não é por acaso que foi jogador do Arsenal.»
Elogios a mais? Não é caso para menos. Em oito jogos, o internacional sub-21 luso anotou oito assistências e tornou-se o rei das assistências em Itália, sendo ainda o jogador com mais assistências nas big five, à frente de Lamine Yamal e Bukayo Saka (sete assistências).
Uma entrada explosiva de Nuno Tavares em Roma e com apenas um senão: o vermelho na jornada 10 da Serie A. Independentemente disso, o FrecciaNuno - «jovem introvertido» e de «passada elegante» - está em grande na Itália e promete ser uma dor de cabeça para a defensiva azul e branca no próximo duelo da Liga Europa.
Para perceber melhor o crescimento do português, o zerozero foi ao encontro de Steven Moore - fundador do The Laziali, portal inglês de informação do clube romano - e de Gonçalo Loureiro, central da Académica e ex-colega de Nuno Tavares no Benfica.
«FrecciaNuno»: um sério aviso para o dragão
Aos 24 anos, o lateral português está a realizar o melhor arranque da carreira até ao momento. Os números assim o dizem, mas o impacto vai muito além disso, sendo que, para Steven, «tem sido uma das principais surpresas do futebol italiano».
«Nós já tivemos alguns nomes de sucesso que vieram da Premier League - Lucas Leiva e Luis Alberto por exemplo - e a verdade é que voltamos a sentir que encontramos um hidden gem [jóia escondida]. Acho que muito se deve à confiança que o Marco Baroni tem dado ao Nuno e à liberdade que tem dentro de campo. Ele não joga bem como um lateral esquerdo, mas como um jogador de corredor que aparece muitas vezes como um avançado. Parece estar confortável e em casa», introduziu ao nosso portal.
Para além do rendimento «surpreendente», Nuno tornou-se uma bomba de oxigénio para os italianos. Três anos após a saída de Lulić - terminou a carreira em 20-21 -, os romanos parecem finalmente ter encontrado o seu lateral esquerdo de qualidade inegável.
Curiosamente, do lado portista, Francisco Moura vive uma experiência muito semelhante, pelos números (quatro assistências em 11 jogos) e rápido entrosamento que conseguiu ter com a equipa.
«Nos últimos anos temos tido imensas dificuldades em encontrar um lateral esquerdo que 'funcione', o que se tornou um motivo de troça para os rivais. Desde a saída do Lulić que todos os que vieram para a posição foram praticamente flops. A chegada de Nuno foi importante e a sua qualidade tem sido até surpreendente.»
«A sua capacidade de chegar à frente... parece um comboio. Nós, em Itália, chamamos-lhe FrecciaNuno, que vem de Frecciarossa - comboio de alta velocidade, em italiano -, porque é muito rápido e é muito capaz na hora de desiquilibrar defesas a partir do drible. Parece também sentir-se em casa, o que é positivo», apontou.
«Se ele não conhecer é introvertido... um mauzão»
Gonçalo Loureiro partilhou o balneário com o lateral português durante várias temporadas [n.d.r: é, inclusive, o segundo jogador que mais vezes alinhou ao lado de Nuno (77 partidas), apenas atrás de Tiago Dantas (95)] e anota alguns dos principais traços de personalidade do jogador da Lazio.
«Se ele não conhecer, é muito introvertido, muito na dele, muito sério, um mauzão [risos]. Mas a partir do momento em que ganha confiança com a pessoa e consegue criar uma ligação, torna-se um rapaz mais extrovertido», explicou.
«No início até era um pouco distante dele. O Nuno, na altura que o conheci, ainda jogava a extremo - depois é que passou para lateral - e não tínhamos grande relação. Erámos apenas colegas. Contudo, a partir do momento em que passou a jogar a lateral começámos a melhorar a nossa relação. Não diria que éramos melhores amigos, mas sem dúvida que nos dávamos bem. Acho que também ajudou nós conectarmos bem dentro de campo. Eu entendia-o muito bem, assim como ele a mim.»
Por fim, Gonçalo referiu que o ex-colega «tem potencial de seleção», assim como muitos outros jogadores que conheceu na seleção - «Florentino, Jota, Pedro Álvaro, por exemplo» - e destacou as principais qualidades do lateral da Lazio, que - na formação encarnada - chegou a jogar a extremo.
«Eu acho que jogar a lateral esquerdo é o ideal para ele, pelo facto de poder atuar vindo de trás, fazer overlaps e seguir embalado como ele gosta. Nós costumávamos dizer que ele tinha uma passada muito elegante e larga.».
«Penso que a jogar a lateral - e no Benfica, que permite os laterais envolverem-se mais ofensivamente -, garantia ao Nuno muita vantagem, ainda para mais porque é um jogador muito veloz mesmo», finalizou.