E de repente, quando parecia que tudo corria sobre esferas, o ambiente em torno das eleições para a Federação Portuguesa de Futebol toldou-se, com insinuações, feitas em forma de comunicado, pelo mandatário de Nuno Lobo, de pressões sobre os delegados por parte da campanha de Pedro Proença.

Estas pressões teriam alegadamente a ver com uma exigência feita a quem vier a votar em Proença, de ter de enviar prova fotográfica do boletim de voto com a cruz na Lista 1, ao entorno do ainda presidente da Liga de Clubes. Daí que a lista de Nuno Lobo não queira telemóveis ou outros aparelhos eletrónicos dentro das cabinas de voto.

Fábio Lourenço, mandatário da candidatura de Nuno Lobo, enviou uma carta a José Luís Arnaut, presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPF e da Comissão Eleitoral, enviou uma carta a José Luís Arnaut, presidente da Comissão Eleitoral da FPF, que diz o seguinte:  

«Exmo. Senhor Presidente da Comissão Eleitoral, Dr. José Luís Fazenda Arnaut Duarte,Na próxima sexta-feira, realizar-se-á o ato eleitoral em cumprimento do processo eletivo presidido por V. Excia. Tal ato eleitoral deverá, nos termos constitucionais, legais e regulamentares, realizar-se de acordo com os princípios basilares da democracia, da transparência e da liberdade individual de cada um dos delegados. 

Sucede que têm chegado a esta candidatura diversos relatos que colocam em causa esses princípios fundamentais e, consequentemente, a integridade do próprio ato eleitoral, o que poderá, se comprovado, comprometer a sua legitimidade e levar à sua eventual impugnação.Deste modo, e com o intuito de garantir a total conformidade com os princípios referidos, apelamos a que, no dia da eleição, não seja permitida a utilização de qualquer meio de recolha de imagens, designadamente telemóveis ou quaisquer dispositivos eletrónicos na zona de votação. 

De igual forma, apelamos a esta Comissão Eleitoral que garanta um ambiente de votação isento de qualquer tipo de coação, assegurando que cada delegado possa exercer o seu direito de voto de forma livre e independente, sem pressões externas ou exigências de comprovação do sentido de voto. Estamos certos de que V. Excia. e a Comissão Eleitoral tudo farão para que este ato decorra com a máxima idoneidade e respeito pelos princípios fundamentais que regem qualquer processo democrático. Acreditamos, Sr. Presidente, que esta nossa proposta será, de imediato, subscrita pela outra candidatura (lista 1), em razão do acima exposto.»  

O candidato Nuno Lobo não quis acrescentar mais nada ao que consta da missiva enviada a José Luís Arnaut que deverá aquilatar da possibilidade legal de proibir os telemóveis, o que não se afigura, à partida, muito viável, porque embora a questão do secretismo do voto deva ser ‘sagrada’ num regime democrático, será praticamente impossível confirmar, dentro de uma cabina de voto fechada, se há, ou não, quem use o telemóvel para comprovar o seu sentido de voto.  

Fica, no entanto, em aberto a possibilidade aventada pelo mandatário de Nuno Lobo, de a proposta que fez no comunicado vir a ser acolhida pela lista concorrente. Até ao momento não foi possível colher qualquer reação oficial da candidatura de Pedro Proença.

 (Em atualização)