*com Diogo Organista Pereira
Obreiro da epopeia vitoriana nos palcos europeus e da sólida prestação do Vitória SC no campeonato, Rui Borges sucedeu, esta quinta-feira, a João Pereira no comando técnico do Sporting e tornou-se, assim, o terceiro treinador dos leoninos esta temporada - reveja AQUI os restantes casos desta peculiaridade, no que toca aos três «grandes».
Com passagens por oito distintos emblemas - em oito temporadas-, o ex-líder dos conquistadores rubricou, agora, um contrato válido por um ano e meio - até ao final da temporada 2025/26 - pelos leões e vai somar a nona experiência na sua curta carreira. Curiosamente, este é também o período temporal máximo do técnico ao serviço de um clube, até à data, visto que nunca disputou duas temporadas completas ao leme do mesmo conjunto.
Desta forma, o zerozero analisou o percurso do treinador, desde o início de carreira ao serviço do modesto Mirandela, pelas ruas do Campeonato de Portugal, até ao estrelato - travessia invicta na Conference League, sólida campanha na Liga Portugal e agora a estreia ao leme de um «grande» do campeonato português e, consequentemente, na Liga dos Campeões.
Sucesso precoce?
As desconfianças são naturais, face aos recorrentes saltos entre equipas dados por Rui Borges, mas a verdade é que as várias experiências foram maioritariamente positivas, com mais triunfos do que empates ou derrotas em todo o seu percurso. No total, o técnico natural de Mirandela soma 131 triunfos, 72 empates e 76 desaires em 279 partidas como treinador principal.
E foi precisamente na sua cidade natal que iniciou a sua carreira. Depois de pendurar as chuteiras ao serviço dos Alvi-Negros, o agora técnico do Sporting experimentou o futsal, mas um convite para o comando técnico do emblema de Mirandela fê-lo mudar de ideias. Com 17 vitórias em 30 duelos para o campeonato, a turma transmontada terminou no quarto posto da tabela, com 57 pontos, e foi também a terceira melhor defesa da edição.
O técnico preparou e iniciou a temporada seguinte ao leme do Mirandela, mas apenas realizou 23 partidas. Isto porque o trabalho de Rui Borges não passou despercebido e os tubarões - ou seja, emblemas que operam em divisões superiores - demonstraram o seu interesse no recém-treinador. Viseu foi a próxima paragem, para orientar o Académico local.
Nessa temporada, os Viriatos encontravam-se numa posição debilitada - no penúltimo posto da tabela classificativa (20 pontos), com cinco vitórias, os mesmos empates e dez derrotas em vinte partidas. O desaire frente ao FC Arouca ditou o fim de Floris Schaap, seguindo-se, assim, a aposta em Rui Borges. Com sete vitórias em 14 jornadas, o técnico não só salvou os viseenses da despromoção como levou o Académico a terminar no 11.º lugar. Uma aposta acertada.
Na segunda temporada ao serviço do clube, o emblema de Viseu terminou a época no oitavo lugar, com nove vitórias, sete empates e oito derrotas em 24 partidas. Além disso, o Académico realizou, também, uma prestação histórica na Taça de Portugal, tendo atingido as meias da competição - caiu apenas aos pés do FC Porto, com uma derrota por 3-0 no Estádio do Dragão.
Da fortaleza em Moreira ao castelo em Guimarães
Alcançada a suposta marca limite de uma temporada e meia, Rui Borges dirigiu-se, assim, para Coimbra, para liderar a Académica OAF. Uma sólida prestação como maestro da Briosa colocou os estudantes no quarto lugar da II Liga - a apenas três pontos do play-off de promoção -, com 17 vitórias em 34 jogos. Já na época 2021/22 - e com sete jogos sem vencer na bagagem-, o técnico natural de Mirandela abandonou o cargo e rumou a novos destinos.
Seguiram-se, na sua caminhada, três passagens relâmpago por conjuntos do segundo escalão português. Resgatou um sexto lugar ao leme do Nacional, terminou no sétimo posto da tabela com as cores do Vilafranquense e levou o CD Mafra a registar a melhor pontuação de sempre na competição - 47 pontos. Rui Borges conseguiu traduzir os desejos em sólidos resultados, com base na ambição, ideias vincadas e seguro, sempre, do seu potencial enquanto treinador.
Em 2023, foi contratado pelo Moreirense para atacar a subida a época no principal patamar do futebol nacional - uma escolha arriscada, uma vez que Rui Borges nunca tinha operado na primeira divisão. Ainda assim - e assente na solidez defensiva -, conseguiu guiar o emblema de Moreira de Cónegos a um surpreendente sexto lugar - a apenas oito pontos do último lugar de acesso à Europa. Registou uma senda de dez jogos consecutivos sem perder, tornou a coesão e a consistência do grupo num dos seus pilares e superou as expectativas.
Rui Borges Europa Conference League 2024/25 |
6 Jogos
4 Vitórias
2 Empates
0 Derrotas
13 Golos
6 Golos sofridos
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A última equipa que consta no seu CV é o Vitória SC. Depois de uma temporada de sonho no Minho, decidiu pegar nas suas malas, fazer uma curta - curtíssima - viagem e colocar as mãos na massa no leme dos conquistadores. Começou desde baixo - na segunda eliminatória da Conference League -, mas o seu trajeto nas provas europeias encantou. O Vitória SC foi - e tem sido - uma referência em provas da UEFA, esta temporada, e as exibições bem conseguidas têm o cunho pessoal de Rui Borges. Segue-se, agora, a tão aguardada estreia ao serviço do emblema de Alvalade.
Findada a duração do contrato, estará Rui Borges também pronto para treinar um dos «clubes mais poderosos da Europa?»