A vida é, analogicamente, como os livros. Recheada de eternos capítulos. A do FC Porto não é diferente, principalmente nesta temporada. Depois do capítulo escrito por Vítor Bruno - e um interregno com o comando de José Ferreirinha Tavares - seguir-se-á uma nova era com Martin Anselmi que viu, das bancadas do Estádio do Dragão, o intenso empate dos dragões diante do Santa Clara por 1-1.
Para além dessa mudança no comando técnico, também há uma mudança de capítulo na senda de resultados. Afinal, o emblema azul e branco contava com quatro derrotas consecutivas e, durante grande parte do duelo ante os açorianos, espreitou uma quinta. Mas teve resiliência para não o fazer acontecer.
Bravo prefácio
Prefácio.1. Discurso preliminar em que se expõe ordinariamente o motivo de uma obra, os processos nela seguidos.
Foram várias as mudanças no onze inicial dos dragões que não podiam contar com Nico González e Samu, castigados. A par dessas duas saídas, houve mais três: João Mário, Nehuen e Eustáquio. O plano do FC Porto era simples: evitar uma quinta derrota, mas a estratégia dos bravos açorianos foi dificultando esse processo ao máximo, com larga pressão na construção ofensiva.
Afinal, no decorrer da primeira parte, quando a formação azul e branca detinha a bola no último terço, via-se obrigada a recuar no terreno, face a essa marcação defensiva do Santa Clara, e, também, devido à falta de opções de passe.
Era difícil para a turma de José Ferreirinha Tavares penetrar na área adversária e, por outro, lado os comandados de Vasco Matos iam amealhando subidas sucessivas no terreno. Uma delas originou o pontapé de canto onde Gabriel Silva apareceu completamente sem marcação pronto a disparar. Diogo Costa foi mal batido e não pôde evitar o desfecho, numa das muito raras vezes em que foi efetivamente incomodado.
Epílogo em chamas
Epílogo.1. Última parte de um discurso, na qual se faz uma leve recapitulação das razões principais que nele entraram. 2. Resumo. 3. Remate, fecho.
Depois do tento certeiro do Santa Clara, a resposta efetiva não chegou na primeira parte. Deniz Gul - chamado à titularidade - viu um golo anulado por posição irregular e ainda atingiu o poste. Um dia infeliz para o avançado que, ao lado, teve em Galeno um parceiro nessa mesma infelicidade.
Pouco eficaz na produção ofensiva, o camisola 13 ainda tentou desequilibrar, porém, foi vítima da Lei de Murphy - quando corre mal, é para correr mal. Afinal, que o diga a grande penalidade que enviou diretamente ao poste da baliza de Gabriel Batista.
No entanto, esse mesmo aviso serviu para acordar o dragão - quer a equipa, quer a bancada. Num dia frio na cidade do Porto, o ambiente aqueceu durante os vários minutos em que os adeptos portistas aclamaram a equipa em busca do empate. E aconteceu. Após um pontapé livre batido por Alan Varela, Otávio cabeceou numa espécie de arco que o guardião dos açorianos não conseguiu travar.
A busca incessante do FC Porto pela vitória permaneceu diante de um Santa Clara que se viu reduzido a dez elementos, após expulsão de Matheus Pereira. E a ocasião de ouro surgiu ao minuto 95, mas a aura infeliz de Galeno fez com que voltasse a desperdiçar uma grande penalidade. Também ele precisará de um novo capítulo.