
O FC Porto deverá mudar de treinador na próxima época e já começou a identificar alvos. Um deles é o espanhol Imanol Alguacil, que está de saída da Real Sociedad depois de seis temporadas e meia muito bem- sucedidas. Ao que A BOLA apurou, já houve uma primeira sondagem e o treinador basco mostrou recetividade em saber mais sobre o projeto.
Tratou-se de um contacto exploratório, mas com fundamentos de parte a parte que podem conduzir a negociações a breve prazo: de um lado, um clube que pretende um treinador com um lastro de resultados, qualidade do futebol praticado e capaz de tirar partido da formação; do outro um técnico que pretende um clube com uma identidade clara, não demasiadamente longe do País Basco e sem que o idioma represente um problema.
Imanol Alguacil não fala inglês e ao contrário de muitos colegas seus não se imagina a rumar para destinos longínquos onde a família não se sinta confortável. O Sevilha é uma possibilidade forte para ele (também já terão surgido contactos), mas não a única: o Porto (clube e cidade) que tantas boas recordações deixaram no espanhol Iker Casillas também pode ser uma sedução para o basco nascido há 53 anos em Orio.
A nível financeiro também não será uma aposta demasiado cara: o salário máximo auferido pelo treinador durante o período em que liderou os txuri urdin (brancos e azuis, em basco) não superou os €1,2 milhões líquidos/ano, valor que se enquadra no orçamento dos… azuis e brancos.
As lições ao Benfica
Imanol Alguacil é considerado um dos treinadores mais marcantes da história da Real Sociedad. É o terceiro com mais jogos (334), apenas atrás de John Toshack (386) e Benito Díaz (391), ganhou a Taça do Rei em 2021 (mas referente a 2019/20, adiada devido à pandemia) na final frente ao rival Athletic Bilbao (o clube conquistou um título 34 anos depois) e conseguiu cinco qualificações europeias, uma delas na UEFA Champions League (regresso da Real à prova milionária após 20 anos de interregno), onde encontrou o Benfica na fase de grupos, tendo dado dois banhos táticos às águias de Roger Schmidt (vitória por 1-0 na Luz e 3-1 em San Sebastián), dois jogos que causaram muito prejuízo na imagem do então técnico campeão pelos encarnados.
Outra das suas imagens de marca é a capacidade de trabalhar e lançar jovens. Tendo começado na equipa B da Real Sociedad, foi o responsável pela afirmação de nomes como Oyarzabal, Zubimendi, Barrenetxea ou Elustondo e foi decisivo na afirmação de Le Normand (hoje no Atlético Madrid) ou Mikel Merino (Arsenal). Num clube com dificuldades financeiras e a precisar de capitalizar toda a prata da casa como é o FC Porto, este traço pode ser decisivo.
Cântico para a história
Imanol Alguacil ficou também conhecido pela célebre conferência de imprensa que se seguiu à conquista da Taça do Rei. Depois de responder a algumas perguntas anunciou aos jornalistas que iria «passar do modo de treinador para o modo de adepto», vestindo uma camisola do clube, erguendo o cachecol e cantando o refrão de uma das músicas de apoio do clube do coração, o mesmo clube que no passado dia 24 anunciou a saída do técnico no final da época, a pedido do próprio – mas ainda na luta por um acesso aos lugares europeus.
Os próximos desenvolvimentos dirão se o carismático treinador basco poderá mudar-se para Portugal. Para já é um nome bem colocado na SAD portista, cujos altos responsáveis já terão decidido: Martín Anselmi, contratado em janeiro aos mexicanos do Cruz Azul, não deverá continuar.