É companheira de equipa de Jéssica Silva no Gotham FC, mas podia perfeitamente ser a irmã mais nova da internacional portuguesa ou de muitas outras a quem chama colegas. McKenna Whitham é o nome mais badalado do momento no futebol feminino norte-americano, concluída que está a primeira jornada da nova edição da National Women's Soccer League (NWSL).

O que é que torna Whitham uma heroína na terra que deu Batman ao mundo? A precocidade. Senhoras e senhores, a jovem avançada substituiu Esther González no empate frente ao Seattle Reign e tornou-se recordista na principal liga norte-americana: aos 14 anos, sete meses e 20 dias, Whitham é a jogadora mais nova da história a atuar na NWSL.

O tempo de estreia foi curto, apenas um minuto, mas suficiente para colocar o nome nas bocas do mundo. Mak, o diminutivo para McKenna, superou o recorde de Melanie Barcenas, que se estreou pelo San Diego Wave, em 2023, com 15 anos e 177 dias.

Uma vida de primeira

Whitham nasceu na Califórnia, numa família com contacto com o desporto. O pai Josh, foi suplente da equipa de esqui norte-americana nos Jogos Olímpicos de Inverno de 1998, em Nagano. A mãe Joni, assumiu a educação da pequena Mak e dá-lhe aulas em casa. Desde cedo se percebeu que Whitham seria um caso especial.

A vida é o que acontece enquanto fazemos planos, mas para McKenna Whitham tudo aconteceu antes que pudesse sequer planear. Uma vida destinada ao primeiro lugar nos livros de recordes.

Em fevereiro de 2024, com 13 anos, tornou-se a atleta mais nova de sempre a assinar um contrato com a Nike relativo aos direitos de imagem. Com a mesma idade, foi convidada a treinar com três conjuntos da NWSL: Kansas City, Washington Spirit e Gotham FC. Toda a gente de olho em alguém que está destinada à grandeza.

A luta foi ganha por Gotham, que utilizou Mak num encontro amigável num torneio na Colômbia. Já aí, a avançada tornou-se na jogadora mais nova da história a atuar por um conjunto da NWSL. Melhor ainda: marcou o golo da vitória, no último minuto, frente ao Deportivo Cali. A partir daí, a equipa de Nova Iorque não mais a largou. Whitham continuou a treinar com as nova-iorquinas durante a temporada, bem como com a equipa masculina da academia do LAFC, e jogou pelo SC Blue Heat. Já aí se tornou a jogadora mais nova de sempre a jogar na United Women's Soccer (UWS), com 13 anos, e ajudou o conjunto de Santa Clarita a vencer a prova.

«São mais velhas, mas não me assustam»

Em julho do ano passado, o Gotham prendeu Whitham com um contrato sub-18 de quatro temporadas, válido a partir de 1 de janeiro de 2025. O acordo foi selado um dia antes de Whitham completar o 14.º aniversário e tornou-a, uma vez mais, na primeira de uma lista, a das contratações mais jovens da história da NWSL. Foi a primeira jogadora que Gotham contratou com recurso ao mecanismo de sub-18 que a NWSL adotou em 2022, depois de Olivia Moultrie ter processado a liga para exigir o direito de jogar como sub-18.

No meio de tudo isto, vale a pena mencionar também que a jovem é já internacional pela seleção sub-15 dos Estados Unidos. A estreia na NWSL tornou-a a mais nova da prova, mas a estreia profissional, atenção, já tinha acontecido durante uma semana de loucos: a 26 de julho de 2024, Whitham assinou o contrato com Gotham, no dia seguinte celebrou o 14.º aniversário e um dia depois estreou-se frente ao Washington Spirit na NWSL x Liga MX Femenil Summer Cup.

Irreverente, destemida e com muito para mostrar, a atacante não se encolhe perante a realidade. Não se encolhe perante o facto de, por exemplo, ter pisado o relvado e ter do outro lado jogadoras como Jess Fishlock, de 38 anos. São 24 (!) anos de diferença.

«Sempre joguei a um nível alto, portanto tenho estado sempre motivada a ser a melhor e a dar 100 por cento. Só porque são mais velhas, não me assustam», disse, em declarações ao The Athletic, depois daquele golo frente ao Deportivo Cali, em fevereiro de 2024.

O primeiro passo está dado. Os olhos estão todos em McKenna Whitham e deixamos o conselho: não esqueça o nome, porque temos a sensação de que ainda vamos ouvir falar muito dele.