O Bola na Rede está presente na terceira edição da Thinking Football, a conferência sobre desporto organizada pela Liga Portugal.

Luís Campos falou sobre o papel do diretor desportivo num clube de futebol. O atual diretor desportivo do PSG, responsável pela contratação de nomes Gonçalo Ramos, Vitinha ou João Neves pelos parisienses, abordou as responsabilidades do diretor desportivo num clube.

«Quero relembrar que o papel de diretor desportivo é muito mais largo do que o mercado. Acredito muito em projetos. Sinto me muito um criador de projetos. Analiso, estudo, observo onde estou a cidade, o histórico do clube, tudo. Um projeto exige um treinador. Um bom treinador também necessita a seu lado um bom diretor desportivo, boas condições, um conjunto de situações que o vai ajudar a passar para os resultados. Aprecio muito um treinador que traça perfis de jogadores. Tenho de entender como ele quer jogar. Convido sempre ao treinador traçar um perfil de jogador para cada posição. O futebol não é igual em todo o mundo. A primeira discussão que tive com o Luis Enrique foi qual o perfil de jogador por posição. Trabalho com ele e os seus assistentes diariamente. Sou incapaz de contratar um jogador que o meu treinador não queira. Fundamental. Dar ao treinador o jogador certo», afirmou Luís Campos.

Com a questão dos direitos televisivos a dominar o dia-a-dia no futebol francês, Luís Campos destacou a importância das condições financeiras na construção do projeto e falou da competitividade da Ligue 1.

«Direitos televisivos da Liga? Teve um impacto muito grande e no PSG teve um impacto de 50 milhões de euros. Significava comprar mais um bom jogador para a equipa. Em relação aos direitos televisivos em França, a maior parte das pessoas tem o conceito errado do que é a liga francesa. É uma liga extremamente competitiva, onde existem muito bons jogadores com confeições diferentes de Argentina, Brasil ou Portugal por exemplo. Esse dinheiro fez falta e faz muita falta ao campeonato francês. Uma das minhas maiores tristezas foi a interrupção do campeonato sub-23 que ia acontecer pela primeira vez em França. Teve implicações sérias. Sempre lutei, nem sempre ganhei. Nunca perdi a capacidade de lutar e ser criativo. Em França temos de buscar soluções para continuar a ser competitivos com budgets mais baixos. Uma delas passa pela aposta na formação e investir em scouting. Tenho de saber onde estão os melhores jovens do mundo que encaixem no perfil do meu treinador e buscá-los o mais rápido possível», explicou o diretor desportivo português.

Sobre os jovens, Luís Campos salientou a importância de terminar com as cláusulas a preços fora do normal e de conjugar o talento de tenra idade com jogadores mais experientes no plantel.

«Está na hora de todos nós termos responsabilidade no futebol mundial de termináramos com as cláusulas completamente irreais e são responsáveis por muito da crise do futebol mundial. Enquanto não regularmos este sistema teremos sempre muitos problemas económicos. Estranhamos a carreira de muitos jovens. E talvez a única forma de contrariar. Terminar com as cláusulas abusivas», vincou Luís Campos.

«Não contrato, mesmo em projetos como o Mónaco, jogadores pela idade. Contrato pela competência. Pode ter 16 ou 17 anos e ser extremamente competente, como pode ter 34,35 e 36 e ser extremamente competente e ter lugar na minha equipa. No Mónaco batemos recorde de vendas. Se tivermos equipa só de jovens não vamos conseguir o nosso objetivo que é ganhar», vincou o diretor desportivo, atualmente no PSG.

O Bola na Rede está na cidade do Porto e a marcar presença na conferência “Thinking Football“, que é organizada pela Liga Portugal.