Horas depois de ter realçado a nomeação de Catarina Campos para o Campeonato da Europa feminino, Luciano Gonçalves, agora na Cidade do Futebol para as comemorações do 111.º aniversário da FPF, voltou a falar deste marco da árbitra portuguesa e abordou ainda o desafio de liderar o Conselho de Arbitragem da FPF.

Primeiras semanas no cargo

"Tem sido desafiante, um mês de grande trabalho, mas tenho uma excelente equipa que me acompanha e têm-me sido dadas as condições, por parte, da Federação para que se consiga fazer um bom trabalho. Há muitos coisas novas para assimilar, muitas decisões para tomar, dar continuidade ao que estava a ser bem feito e começar a preparar a próxima época desportiva. Começamos também a colocar um pouco o nosso cunho, mas mantendo o princípio base que já vinha do mandato anterior, bem conduzido por Fontelas Gomes."

Cunho pessoal

"A marca que gostava de deixar era a humanização, que as pessoas olhassem para os árbitros como parte do jogo. Que todos os intervenientes olhassem para o árbitro como uma pessoa que erra, que falha, mesmo não querendo. Quero que as pessoas percebam a paixão que o árbitro também tem no jogo, como vive o seu dia-a-dia. Se conseguirmos passar a forma como os árbitros lidam com os problemas, se as pessoas conseguirem conhecer melhor aquilo que são as suas frustrações e sucessos, tenho a certeza que vão olhar para a arbitragem com olhos diferentes."

Catarina Campos

"Aquele jogo de domingo, o primeiro na 1.ª Liga, é muito mais que um jogo, é um momento de viragem, porque estas situações têm de deixar de ser exceção e têm de ser vistas com naturalidade. A Catarina está a fazer uma excelente caminhada, está a colocar tudo nesta carreira e a fazer muito para que seja normal vermos árbitras no futebol profissional. Este trabalho já começou a ser feito há muito tempo.  A notícia de hoje [nomeação para o Euro] enche-nos o coração, porque é também um voto de confiança que recebemos, poucas horas depois de apostarmos na Catarina para um jogo da 1.ª Liga. Esse reconhecimento também nos dá poder. Não nos podemos esquecer do passado, porque as coisas não acontecem por acaso. Existiu um processo, uma caminhada que começou há muito tempo, por muitas outras árbitras, que começaram a fazer os primeiros jogos na distrital, no Campeonato de Portugal e por aí fora."