Não sendo espetacular… foi emocionante. O duelo entre Académico de Viseu e Torreense fez jus ao chavão de que a Liga 2 não tem limites no que à competitividade diz respeito e quem esteve no Fontelo comprovou que intensidade não falta na grande maioria dos jogos do segundo escalão.

E foram, efetivamente, duas partes distintas. Os visitados foram (muito) melhores na etapa inicial, período em que além do golo construíram várias outras situações de finalização que poderiam ter dado um maior conforto ao conjunto orientado por Sérgio Vieira, os forasteiros superiorizaram-se nos segundos 45 minutos.

André Clovis deu o primeiro aviso, logo aos 3 minutos, e reforçou a ameaça aos 11’. Sori Mane, pelo meio, seguiu-lhe o rasto (7’), o mesmo acontecendo pouco depois com Bruno Simão Silva (15’). Mas André Clóvis estava decidido a voltar aos golos e depois de novo remate perigoso (17’) marcou mesmo: erro incrível de Elie Ahouonon - o jovem defesa-central marfinense quis atrasar a bola para Bruno Brígido, mas o passe ficou curto – e o ponta de lança brasileiro do Académico, já depois de contornar o compatriota que defende as redes da equipa da cidade de Viriato, abriu o ativo.

Nesta fase, refira-se, apenas Manu Pozo tinha dado um sinal de vida dos forasteiros, mas o remate do avançado saiu à figura de Bruno Brígido. Até ao intervalo, Dany Jean ainda ficou a pedir penálti por suposta falta de João Pinto, mas, além de não ver o seu pedido atendido, o internacional haitiano ainda foi admoestado com o cartão amarelo.

Tudo mudou, porém, na etapa complementar. Ainda que com menos oportunidades, o jogo manteve-se com um ritmo assinalável, mas com o Torreense a subir de rendimento. A formação orientada por Tiago Fernandes teve mais capacidade de ter bola, conseguiu mais aproximações à área contrária e já depois de alguns avisos chegou mesmo ao empate: Javi Vázquez bateu o canto à esquerda e Stopira, junto à marca de penálti, fez o 1-1.

Previa-se um último quarto de hora alucinante… e foi. O emblema do Oeste, altamente motivado pelo golo, foi à procura dos três pontos e Né Lopes (81’) e Pité (85’) deram o mote. Pelo meio, Diogo Almeida também fez Lucas Paes brilhar (84’). Foi já no último suspiro que o marcador voltou a funcionar: Javi Vázquez colocou o laço no folar e de fora da área desferiu um míssil que nem a luva de Bruno Brígido, nem o poste esquerdo foram capazes de impedir de entrar na baliza. Estava consumada a Páscoa à espanhola.

Com este triunfo, o Torreense passa a somar 47 pontos e iguala o Benfica B no 5.º lugar da tabela classificativa. A formação azul-grená está a 1 ponto de Chaves – que joga nesta altura no terreno do FC Porto B – e Alverca – que recebe amanhã o UD Oliveirense -, pelo que reforça a esperança de chegar, pelo menos, ao 3.º posto, que dá acesso ao play-off de subida.