Nick Kyrgios, tenista australiano conhecido pela sua postura polémica, esteve novamente em modo de ataque, desta vez, dirigido a Jannik Sinner e Iga Swiatek, que acusaram positivo em testes antidoping este ano. Diz Kyrgios que são casos «repugnantes» para a modalidade.

Jannik Sinner, número 1 do Ranking ATP, deu positivo a clostebol, substância proibida, em março, mas a Agência Internacional para a Integridade no Ténis (AIIT) considerou que a substância entrou no organismo do jogador de forma acidental e, por isso, suspendeu qualquer castigo, ainda que a Agência Mundial Antidoping tenha enviado recurso para o Tribunal Arbitral do Desporto. No caso de Swiatek, a atual segunda classificada do Ranking WTA, que era primeira em agosto, deu positivo a trimetazidina, mas a AIIT considerou que, tal como com Sinner, tal não aconteceu de forma propositada e com o intuito de ganhar qualquer vantagem. A resolução destes casos em nada agradou a Kyrgios, que considera que «a integridade do ténis é horrível», mesmo que «ninguém queira falar sobre isso».

«Dois números 1 a serem apanhados por doping é repugnante para o nosso desporto. É horrível de se ver», disse, antes do torneio de Brisbane, em que vai participar. É a primeira vez que o australiano compete desde 2023, devido a lesões no pulso e no joelho. Problemas físicos que fez questão de realçar: «Nunca na minha vida tentaria dopar-me neste desporto. Mesmo com as lesões que atravessei, claro que há coisas que ajudam a acelerar o processo de recuperação, a chegar ao melhor nível. Há tanta coisa proibida que eu podia ter usado para voltar mais depressa, mas não é quem eu sou. Sou sempre contra isso.» «Por isso, quando pessoas dizem que eu desrespeito o desporto, penso que alguém que tentou fazer batota no processo e não ganhou do próprio mérito é que está a desrespeitar. Tenho de falar sobre isso porque não me parece que haja pessoas suficientes a fazê-lo. Penso que estão a tentar varrer para debaixo do tapete», atirou ainda.

Segundo afirmou Sinner, a ingestão da substância havia acontecido devido a um erro de um fisioterapeuta, que o contaminou através de um corte. Uma justificação que não satisfez Kyrgios. «Pago centenas e milhares de dólares à minha equipa para serem os profissionais que são, para ter a certeza que isso não acontece. Eles sabiam que tinha acontecido. Porque esperaram cinco ou seis meses para fazerem alguma coisa? Manteve a equipa por mais cinco meses... isso não faz sentido», questiona o tenista, que, diz, ficaria «furioso» se tal acontecesse com ele: «Se um fisioterapeuta me contaminasse, provavelmente nunca mais falaria com ele outra vez. Ele [Sinner] manteve-o na equipa mais cinco meses, como se nada tivesse acontecido.»

«Posso ficar emotivo, posso atirar uma raquete, mas isso não é nada comparado com fazer batota e tomar substâncias que aumentam a performance. É ridículo, na minha opinião. Não me vou calar em relação a isso, seja como for», concluiu o tenista. Não é a primeira vez que Kyrgios ataca Sinner: «Se eu jogasse com ele no Australian Open, colocaria todas as pessoas na bancada contra ele. Eu transformaria tudo numa enorme confusão. É impossível ter respeito e faria qualquer coisa para ganhar», afirmou, há cerca de duas semanas.