É a hora de todas as decisões na Liga 3!

Depois de uma primeira fase disputada em duas séries, os quatro primeiros classificados da Série A e os quatro primeiros classificados da Série B 'juntam-se' agora num campeonato de 14 jornadas para discutirem o acesso à 2ª Liga.

Numa prática que já vem sendo comum, o zerozero entrevistou os treinadores/capitães dos clubes em questão, numa conversa na qual foi feito não só o rescaldo da fase regular da prova, mas também a antevisão da fase de subida.

O Fafe carimbou a presença na fase de subida aos escalões profissionais uma jornada antes do final da fase regular, depois de ter falhado o apuramento nos últimos momentos da mesma competição da temporada passada.

Com Jorge Pinto Pinto ao leme, o emblema minhoto ambiciona uma subida no «ano zero» de um novo projeto no clube. Na temporada passada, ao leme do Lusitânia de Lourosa, o técnico portuense caiu no playoff de subida, aos pés do Feirense, algo que quer vingar em nova tentativa de promoção.

zerozero: Depois de na temporada passada o Fafe ter morrido na praia, ao não conseguir a qualificação para a fase de subida na última jornada, esta temporada conseguiu-o com uma jornada de antecedência. Que balanço faz desta primeira fase?

Jorge Pinto: Quando me convidaram foi com o intuito de melhorar o Fafe e de tornar o clube mais capaz. É uma equipa mais ambiciosa, pelo que aceitei o convite com objetivo principal de, nesta primeira fase, nos colocarmos dentro dos quatro primeiros lugares. Era o nosso objetivo e é quase unânime a todas as equipas da Liga 3 nesta primeira fase. Umas depois vão-se atrasando, mas é quase unânime ter o objetivo de ficar nos quatro primeiros lugares. Conseguimos andar sempre na zona de acesso desde a primeira jornada até à última e fomos uma equipa com alguma regularidade. Conseguimos estabilizar naquele topo da tabela e ir gerindo jornada a jornada a nossa posição, conseguindo este apuramento com mérito e com alguma tranquilidade.

@FPF

zz: O clube está há oito anos fora dos campeonatos profissionais, o objetivo é claramente a subida?

JP: O objetivo é tornar o Fafe mais ambicioso. Sabemos que isto é um caminho, não é de um dia para o outro que as coisas se organizam. Alterámos muitos comportamentos e muitos hábitos dentro do clube para o tornar mais ambicioso e mais capaz. Se o conseguirmos logo no primeiro ano era muito bom. Estamos no ano zero do projeto.

Sabemos que é muito difícil e que há equipas dentro deste play-off que têm mais responsabilidade que nós, que já lá estiveram no ano passado no play-off. Equipas centenárias, com um poder a nível nacional e de massa adepta também muito grande. Nós estamos inseridos nesse lote e queremos ter muita ambição a cada jogo. Vamos lutar jogo a jogo para ver o que conseguimos fazer, mas se pudermos subir claramente que o vamos fazer.

zz: O Fafe apenas conseguiu uma vitória nos últimos seis jogos, o que está a faltar à equipa para encarar esta fase de subida com maior pujança?

JP: Sim, esse é o nosso trabalho. Nós iniciámos o campeonato muito bem e, nestes últimos seis jogos, conseguimos gerir melhor os resultados. Naturalmente, na última jornada fizemos alguma gestão dos amarelos, porque a classificação permitiu-nos isso, colocando alguns jogadores que tinham menos minutos e que são válidos. Agora temos de ser mais regulares e mais equilibrados e é nisso que estamos a trabalhar. Temos de ter mais estabilidade dentro do jogo e mais regularidade ao nível dos resultados. Somos uma equipa que, muitas vezes, faz as coisas bem feitas, outras vezes menos bem feitas e cria alguma instabilidade, mas nada interferiu com o apuramento porque o conseguimos com muito mérito e muita tranquilidade.

zz: O Fafe tem uma equipa experiente, com muitos jogadores que já jogaram num patamar acima, principalmente na defesa e no meio campo. O fator experiência pode ser importante numa fase decisiva como esta?

JP: Claro que sim. Nós tentámos contratar jogadores que nos dessem essa maturidade dentro do jogo e andámos à procura dessa regularidade e estabilidade. Contamos com os jogadores com essa maturidade para nos ajudarem nesta fase. Maturidade, tranquilidade e saberes gerir emocionalmente os jogos é muito importante, porque sabemos que são jogos com luta, complexidade e com um grau de exigência muito elevado.

zz: No capítulo mais pessoal, na temporada passada foi até ao play-off, mas não conseguiu a promoção. É a altura certa para vingar o que aconteceu na época anterior?

JP: Foi um dia muito difícil. Foi difícil, mas, ao mesmo tempo, nós estivemos lá. Esta equipa técnica esteve lá nesse momento, que é também um momento de aprendizagem. É o momento. Nós, como equipa técnica, temos vindo a crescer com muito mérito, desde os campeonatos distritais a subir divisões. Sempre que nós treinámos nos patamares acima, tivemos de subir divisão com uma equipa para o conseguir. Nestas últimas três épocas, esta equipa técnica esteve em três fases de subida: subiu uma vez, foi ao playoff de subida o ano passado e este ano estamos novamente neste play-off de subida.

Naturalmente que esse momento no ano passado é um algo que nos marca, com alguma bipolaridade. Na primeira volta conseguimos ganhar e criámos uma ilusão. Depois, na segunda, perdemos. Fica o dia nas nossas memórias e fica a aprendizagem para podermos crescer também como a equipa técnica.

Temos tido sucesso por onde passamos, somos ambiciosos e queremos sempre mais. Sabemos que as coisas têm de acontecer a seu tempo e estamos muito focados nesta parte final do campeonato. Somos uma equipa técnica já com alguma maturidade a andar sucessivamente nestes contextos de decisão também nos dá um elã diferente.