Entre setembro e outubro, Iga Swiatek falhou três importantes torneios na perna asiática do circuito feminino, o Open da Coreia, o Open da China e o Open de Wuhan. Falou na altura de “razões pessoas”. Pouco tempo depois, perderia a liderança do ranking mundial. Sabe-se agora que, na verdade, a agora número 2 WTA estava suspensa preventivamente, depois de um controlo antidoping positivo a trimetazidina, num teste realizado fora de competição, a 12 de agosto.

A Agência Internacional de Integridade no Ténis (ITIA) considerou, no entanto, que não houve “culpa significativa ou negligência” por parte da tenista polaca, que aceitou uma suspensão de um mês. Como Swiatek esteve impedida de competir durante três semanas, entre 12 de setembro e 4 de outubro, restam-lhe apenas oito dias da suspensão, numa altura em que a temporada até já terminou. A cinco vezes vencedora de torneios do Grand Slam, quatro dos quais na terra batida de Roland-Garros, aceitou ainda perder o prize money do torneio de Cincinnati, que se seguiu ao teste positivo.

A trimetazidina é uma substância proibida presente em tratamentos para problemas cardíacos, mas a investigação da ITIA deu como provada a defesa de Swiatek, que diz ter tomado um produto com melatonina para ultrapassar “jet lag e problemas em dormir”, diz o relatório da ITIA. Esse medicamento, produzido, vendido e regulado na Polónia, e que a jogadora já havia tomado em outras fases da carreira, estaria contaminado com a substância proibida, que foi encontrada em níveis muito baixos. “A violação foi considerada não intencional”, diz a ITIA.

A “pior experiência” de Swiatek

Num vídeo publicado no Instagram, Iga Swiatek diz ter passado pela “pior experiência” da sua vida nos últimos meses, enquanto a investigação da ITIA, que provou a sua quase total inocência, decorria. “O único teste positivo da minha carreira, que mostrou um nível baixíssimo de uma substância proibida da qual nunca tinha ouvido falar, colocou tudo aquilo pelo qual trabalhei ao longo da minha vida em causa. Eu e a minha equipa tivemos de lidar com um enorme nível de stress e ansiedade”, escreveu ainda a atleta de 23 anos, que diz sair deste processo “mais forte do que nunca”.

Em junho, Swiatek venceu Roland-Garros pela quarta vez
Em junho, Swiatek venceu Roland-Garros pela quarta vez Tim Goode/Getty

Num texto preparado pela sua equipa em que explica todos os meandros do caso, Iga Swiatek sublinha ainda que o medicamento para dormir que resultou no teste positivo foi “recomendado” pelo seu médico e que está “aprovado para uso de atletas”.

“O contacto com a substância proibida foi totalmente não-intencional, acidental e não teve qualquer impacto no desempenho da jogadora”, diz ainda o documento, reafirmando “a inocência” da tenista polaca, que “não estava em posição de prevenir a situação e não tinha qualquer razão para suspeitar que a medicação, que usa há anos e lhe foi recomendada pelo seu médico, poderia ter sido contaminada durante a sua produção”.

Este é o segundo caso de testes antidoping positivos entre tenistas do top 10 mundial em 2024, depois de Jannik Sinner, número 1 masculino, ter sido ilibado em agosto após dois controlos positivos a clostebol, um esteroide anabolizante proibido. O italiano não foi suspenso, com a ITIA a dar como provado que Sinner havia sido contaminado pelo fisioterapeuta, que estaria a usar um produto para cicatrizar um corte num dedo.

A decisão de ilibar o líder do ranking não foi recebida com bons olhos por vários colegas de Sinner, que acusaram a ITIA de ter dois pesos e duas medidas, já que, em casos semelhantes, outros tenistas, menos cotados, acabaram suspensos. O caso ainda está nas mãos da Agência Mundial Antidopagem.