Obreiro de três apuramentos de Portugal para fases finais de Campeonato da Europa femininos, o selecionador nacional Francisco Neto deixou uma palavra de gratidão à Federação Portuguesa de Futebol e aos seus responsáveis por todo o apoio que sempre concederam à equipa para que pudesse crescer, desenvolver-se e obter sucesso.
«Tenho de agradecer ao presidente, Fernando Gomes, e á Prof.ª Mónica Jorge pelo trabalho e pelo que me possibilitou, enquanto treinador e à minha equipa técnica, porque me trouxeram e tiveram o atrevimento e a ousadia de trazer um treinador com 32 anos, vindo de uma Associação Distrital», assinalou, atribuindo o mérito às suas pupilas.
«É maravilhoso poder observar estas jogadoras a fazer o que fazem e eu sou um privilegiado porque consigo estar dentro e perceber o quão resilientes elas são e trabalham dia a dia nos seus clubes para, quando chegam à seleção, estarem preparadas e depois darem estas alegrias aos portugueses», que assumiu que a festa foi muita… mas já passou e há (mais) uma temporada de clubes para terminar.
«Nós já estamos um bocadinho mais calmos, a noite acabou por ser um pouco longa na celebração, já chegámos tarde ao hotel, é normal, fruto também da distância a que estávamos. Também é verdade que, para elas, já foi o terceiro apuramento, apesar de ontem no final, à hora de jantar, ter sido uma celebração muito grande. Hoje, as jogadoras já estão a pensar no seu processo de recuperação, porque já estão a regressar aos clubes», recordou, por fim.
«Desfrutar acima de tudo e ser Portugal»
A capitã Dolores Silva foi a face do sentimento de dever cumprido manifestado pelo apuramento após vitória sofrida, mas saborosa, na Chéquia.
«Estava em jogo um apuramento para uma fase final, sabíamos bem da responsabilidade que tínhamos e da pressão que era exigida no jogo, jogando fora de casa, no terreno do adversário. Sabíamos que ia ser um jogo complicado, mas acima de tudo a equipa entrou muito concentrada e a cumprir o que tínhamos trabalhado, com uma alma gigante, e foi isso que nos caracterizou e levou a mais um Euro», analisou a médio de 33 anos.Portugal ganhou com mérito e qualidade, mas ainda tremeu quando, aos 90+3 minutos, a checa Svitkova atirou ao travessão e, com isso, não conseguiu evitar o apuramento da equipa portuguesa. Dolores tinha acabado de entrar e estava a ser assistida, pelo que não viu o lance.
«Sou sincera, só soube que a bola bateu na trave a receber uma mensagem, porque tinha levado uma pancada por detrás da cabeça e não me apercebi de nada. Só mesmo depois do jogo me perguntaram o que tinha sentido, felizmente que a bola bateu na trave e ainda bem que nem sequer tive tempo para esses calafrios», revela Dolores, que assumiu ainda não ter pensado se se encontra em final de ciclo na equipa nacional.«Acima de tudo, quando aqui estamos, tentamos desfrutar ao máximo e viver o momento. Quando chegar a altura, desfrutar e, se formos chamadas, continuarmos a fazer parte das opções e ajudar todas as companheiras», declarou, disponível para a equipa.
«Não penso muito no futuro»
Mónica Jorge personificou o orgulho numa equipa madura, que obteve o objetivo a que se propôs. «Quando os jogos têm muita pressão, elas conseguem superiorizar-se nesse sentido, ao nível da emoção e competitivo também», enalteceu a diretora para o futebol feminino da FPF, que poderá ter celebrado o seu último apuramento para uma fase final de um Europeu ocupando o cargo, uma vez que poderá sair quando se consumar o final de mandato do presidente, Fernando Gomes.
Para já, a dirigente não considera essa situação «nem tem significado». «Neste momento eu pouco interesso, o que interessa são elas. Isto foi feito para elas, tive esta missão de poder contribuir da melhor forma, sempre a pensar nelas para que o palco um dia fosse delas e eu já não importo nada. O que importa são elas, que neste momento têm uma Liga das Nações que vem aí, com jogos muito competitivos e que, no fundo, as vão preparar para o Campeonato da Europa, na Suíça», focou, objetiva.
Mónica Jorge não se mostrou, por isso, preocupada em refletir sobre o seu futuro na FPF. «O futuro? Não penso muito, agora quero chegar a casa, abraçar o meu filho, dar-lhe muitas horas de atenção porque muitas vezes não as temos e preciso delas para o abraçar e ele fazer o que mais gosta, que é vestir as cores da Seleção Nacional, jogar um pouco de futebol e festejar como a Kika, a Jéssica ou o Cristiano Ronaldo, pois ainda tem esta possibilidade de o ver jogar. Portanto, nesta altura é aproveitar os momentos e desfrutar», afirmou.