Tradicionalmente, a Semana Santa é um período de sacrifícios. Afinal, é a ressurreição de Jesus que se celebra nesta altura do ano e os escritos sagrados relatam uma jornada dura desde a condenação à morte até ressurreição. E mesmo que Portugal seja um Estado laico, a maioria cristã da população faz com que, por exemplo, não se jogue no domingo de Páscoa.

Mas Aves SAD Casa Pia precisavam mesmo de fazer os adeptos viver tamanho martírio? É que foi mais de uma hora e meia de sofrimento. Não daquele sofrimento bom que a emoção do futebol muitas vezes provoca, mas o sentimento de penosa perda de tempo.

E é verdade: os jogadores também foram obrigados a jogar sob condições nada simpáticas. Muita chuva, vento forte, um relvado pesado no qual a bola não rolava particularmente bem… Mas os jogadores são pagos para isso. É o trabalho deles. Um emprego que escolheram e que lhes dá o privilégio de fazerem aquilo que mais gostam desde crianças.

Porém, não será certamente por jogos como o que opôs estas duas equipas que qualquer um daqueles jogadores quis ser futebolista. Aliás, duvidamos que alguma criança veja um jogo assim e pense que é melhor jogar futebol do que ir à catequese… aprender sobre a história da celebração da Páscoa.

E nem se pode dizer que o jogo tenha começado mal. Aflito e em zona de play-off de descida, a equipa do Aves jogava pressionada também pela vitória do Boavista na véspera, o que aproximava os axadrezados dessa posição que é a menos má do fundo da tabela.

Logo aos dois minutos, a equipa de Rui Ferreira chegou ao golo. João Goulart escorregou com a bola, Tunde aproveitou o erro do defesa e bateu Sequeira para dar vantagem aos avenses.

Dois minutos! Ou seja, o jogo prometia. Mas não cumpriu. Não cumpriu mesmo. No meio de tantos passes falhados, de jogadas sem nexo, de falta de critério nas bolas paradas, pouca coisa se salvou.

Salva-se a enorme defesa de Ochoa aos 49’ ao remate de Lelo. Salva-se ligeiramente a imagem deixada pela equipa do Casa Pia na 2.ª parte. Ainda que pouco ou nada tenha conseguido criar para incomodar mais o guarda-redes do Aves. E salva-se, claro, o golo de Cauê aos 90+5. Porque serviu para o empate e para ter um pouco mais para contar sobre esta partida.

O jogo que resultou num ponto para o Casa Pia igualar a melhor pontuação de sempre na Liga. E noutro ponto para o Aves SAD ficar com três de vantagem sobre as duas equipas abaixo da linha de água. Salva-se isso também.

Mas tudo o resto foi um calvário.

(em atualização)