
O brasileiro Filipe Toledo e a havaiana Bettylou Sakura Johnson sagraram-se, este sábado, vencedores do Gold Coast Pro, a sexta etapa do circuito mundial de 2025, que decorreu em Burleigh Heads, na Austrália. Se na prova feminina esta foi a estreia a vencer para Sakura Johnson, no lado masculino Toledo conseguiu um triunfo impactante, depois de ter feito uma performance incrível ao longo do evento, onde se inclui uma onda nota 10.
Após um ano sabático, que se seguiu aos dois títulos mundiais conquistados em 2022 e 2023, Toledo conseguiu na Gold Coast o primeiro grande resultado da temporada, depois de um arranque tremido em que apenas em Portugal tinha conseguido chegar aos quartos-de-final. Contudo, a segunda etapa da perna australiana, e aquela que marca o Equador do Tour, foi o ponto reviravolta, com um triunfo histórico.
Com pontuações elevadas ao longo do evento, graças a incríveis aéreos e também a alguns tubos que foram aparecendo nas direitas de Burleigh Heads, Toledo foi avançando imparável até à final, onde se cruzou com a grande surpresa do evento, o australiano Julian Wilson, que foi o responsável pela eliminação do brasileiro e líder mundial Italo Ferreira, logo na ronda 3.
Aos 36 anos e após ter deixado a elite mundial em 2021, Wilson, que foi vice-campeão mundial em 2018, está este ano a fazer o regresso à competição, tendo garantido um wildcard para o circuito Challenger Series, onde se definem as vagas de acesso ao World Tour do próximo ano. Mas antes do arranque da segunda divisão do surf mundial, o veterano surfista australiano participou e venceu os trials do Gold Coast Pro para voltar a fazer etapas do Tour, após quatro anos de ausência.
Se Toledo foi dominando todas as rondas com o seu surf progressivo, Wilson foi escrevendo uma incrível história ao longo de cada bateria. No dia final, o brasileiro começou por vencer o compatriota Yago Dora nos quartos-de-final, para depois superar o também brasileiro Alejo Muniz nas meias-finais, com direito a uma nota 10. Já Julian teve de vencer o brasileiro Miguel Pupo nos quartos-de-final e, depois, o japonês Kanoa Igarashi nas meias-finais para carimbar o regresso a finais - a última vez que tinha estado numa foi em 2018, em Pipeline.
A grande final mostrou uma batalha intensa e com grande nível de surf, onde Julian Wilson conseguiu equilibrar as contas. Contudo, na reta final, Toledo foi mais forte e acabou por vencer com 17,60 pontos contra 17,20 do australiano, numa das mais espetaculares finais dos últimos anos no circuito mundial e a repetição daquela que ambos proporcionaram nesta mesma etapa em 2015, com igual desfecho.
Toledo conquistou, assim, a 15.ª vitória em etapas do Tour e a segunda na Gold Coast. Um resultado que o fez subir ao 6.º posto do ranking mundial, que continua a ser liderado pelo brasileiro Italo Ferreira, com o compatriota Yago Dora a subir ao 2.º posto e o sul-africano Jordy Smith ao terceiro.
Na prova feminina, que foi recheada de surpresas e sem qualquer uma das surfistas do top 6 do ranking a conseguir chegar às meias-finais, foi Bettylou Sakura Johson a brilhar mais que a concorrência. Tudo começou com um triunfo frente a Molly Picklum nos quartos-de-final, que impediu a australiana de chegar à liderança do ranking. Depois, a havaiana bateu a francesa Vahine Fierro nas meias-finais. Na grande final, Johnson somou 15,33 pontos, contra somente 7,83 pontos da veterana australiana Sally Fitzgibbons.
Esta foi a primeira vitória da carreira para Bettylou, que, tal como Toledo, também subiu ao 6.º posto do ranking. Nos cinco primeiros lugares não houve qualquer mexida, com a havaiana Gabriela Bryan a continuar na liderança, em igualdade com a norte-americana e campeã mundial em título Caitlin Simmers. Molly Picklum fecha o top 3, a somente 440 pontos das rivais.
Na prova feminina destaque para a presença de Stephanie Gilmore. A oito vezes campeã mundial interrompeu o período sabático que já vai em duas temporadas para competir na Gold Coast como wildcard e deu nas vistas ao eliminar a campeã mundial Caitlin Simmers nos oitavos-de-final.
Quando tudo parecia encaminhado para mais uma grande história à australiana, Gilmore acabou por perder no início do dia final, após ser superada pela jovem rookie canadiana Erin Brooks nos quartos-de-final. Brooks somou 17,76 pontos numa das melhores performances femininas da temporada e, após vencer a surfista mais titulada do surf mundial, parecia lançada para a vitória. Contudo, Sally Fitzgibbons parou a trajetória de Brooks nas meias-finais.
O circuito mundial segue para o Oeste australiano, onde os melhores surfistas do Mundo vão competir de 17 a 27 de maio no Margaret River Pro, a sétima etapa da temporada e a terceira e última da perna australiana do circuito mundial.