Gianinna, uma das filhas de Diego Maradona, acusou o pessoal médico responsável por tratar o pai nos últimos tempos de vida de ter encenado a situação, que culminou na morte do antigo futebolista, a 25 de novembro de 2020, aos 60 anos.

Num testemunho de cerca de sete horas em tribunal, marcado por lágrimas e soluços, a mulher de 35 anos disse ter sido mal informada e colocada de parte pela equipa que estava a cuidar do pai.

«Olhando para trás, acho que foi uma encenação, uma peça de teatro que nos montaram, para continuar o que queriam, para manter o pai sozinho, num lugar escuro e feio», afirmou Gianinna.

A filha de Maradona chorou quando foi transmitida uma gravação de uma reunião entre a equipa médica, a família e amigos próximos do ex-jogador sobre a decisão de convalescer em casa ou numa unidade de saúde, que seria a recomendação da clínica onde foi operado.

«Dói muito. Todas estas trocas parecem tão injustas, tudo o que foi prometido (sobre a convalescença) e nunca foi cumprido (...) Sinto que foi uma manipulação horrível (...) uma peça de teatro desastrosa», acrescentou, antes de ser reproduzido novo áudio, que tinha a psiquiatra Agustina Cosachov como protagonista e que denotava maior preocupação com a parte jurídica do que com a vertente clínica: «Aqui, o objetivo estratégico é dar a bola à família (...) a ideia é cobrirmo-nos

Gianinna falou ainda da última vez que viu o pai: «Estava muito inchado, nem se viam os olhos, tinha a voz de um robô. [O psicanalista Carlos] Diaz disse-me que era normal, por estar deitado, por causa do pós-operatório (...) disse-nos que lhe estavam a dar espaço, que fazia parte do processo, que ele queria estar sozinho.»

Sete profissionais de saúde — o neurocirurgião Leopoldo Luque, a psiquiatra Agustina Cosachov, o psicanalista Carlos Díaz, a médica e coordenadora da empresa Swiss Medical, Nancy Forlini, o médico Pedro Di Spagna, o coordenador de enfermeiros Mariano Perroni e o enfermeiro Ricardo Almirón — estão a ser julgados por negligência no âmbito da morte de Maradona.