— Teve mais um dia de preparação para este jogo relativamente aos anteriores. É possível esperar algo diferente? O que espera da Roma? 
— Acredito que essas 24 horas a mais que tivemos para preparar o jogo também serviram para os jogadores descansarem. Pudemos dar-lhes um dia livre, algo que não tinham há muito tempo. É preciso pensar na recuperação e, depois, na preparação. No final das contas, não é que um dia permita ver algo diferente. Temos de tentar que haja uma evolução a cada jogo. Acredito que isso já se viu do Rio Ave para o Sporting, e agora esperamos que se veja novamente. 

— Já está satisfeito com o nível de integração dos jogadores? O FC Porto é favorito para amanhã? 

— Estou muito feliz com o nível de profissionalismo, de entusiasmo, com a energia, intensidade, vontade de aprender que os jogadores têm. Comentámos com o staff, com a equipa técnica, os profissionais que temos à disposição, sempre dispostos a serem melhores. Para um treinador, isso é impagável. Que seja o grupo a convidar-nos a melhorar. É muito importante. Depois, claro, são valentes. Sabemos que temos uma ideia que requer entender muitas coisas, muito esforço físico e mental. É preciso pressionar alto, recuperar a bola o mais rápido possível, e isso requer mente e esforço. E isso é o que estamos a ver nos jogos. Portanto sim, estamos muito contentes por estar no FC Porto e por trabalhar com estes jogadores. Favoritismo? Já entramos no terreno do favoritismo, números... Amanhã, FC Porto-Roma, às 20 horas... 

— No jogo com o Sporting, viu-se um FC Porto de duas caras. O que falta para que a equipa seja tão intensa sempre como foi na segunda parte? 

— Expliquei depois do jogo. Não é uma questão de intensidade, é uma questão tática. As mudanças fizeram com que a equipa ficasse mais intensa. A pressão ficou algo larga em algumas zonas, e por isso pareceu menos intenso. Na 2.ª parte, os espaços foram mais curtos, ficámos mais perto do adversário. E isso deu a parecer que estávamos mais intensos. Foi um ajuste tática. E esperamos que aquilo que vocês viram na 2.ª parte se repita na maior quantidade de tempo possível em todos os jogos. Quanto mais isso se repetir, mais se aproximará ao que queremos. 

— Falando em intensidade. O Tiago Djaló disse que o mister trouxe muita energia e tem-se falado da sua celebração contra o Sporting. Os adeptos do FC Porto gostaram muito, os adversários disseram que foi exagerado. O que tem a dizer? 

— Acho que, no final das contas, os golos existem para serem festejados. Acredito que, além de um golo, uma celebração é o que a pessoa sente. E ali calhou celebrar assim. Estávamos a jogar em casa, com os nossos adeptos, e acredito que significava que não íamos sair derrotados. Foi a recompensa do esforço da equipa. E isso vou celebrar sempre. Depois, ficará à interpretação de cada um. Eu vivo as coisas como sou, faço as coisas como sou e não me escondo de nada. Uns golos vou celebrar, outros se calhar não. Mas desde que os portistas gostem, tudo bem. 

— É um treinador muito jovem, mas já conquistou o equivalente à Liga Europa na América do Sul. Conhecendo o formato deste tipo de competições, qual a importância deste primeiro jogo? O que é preciso levar do Dragão para deixar o FC Porto numa boa situação? 

— Para mim, tendo em conta a minha experiência, é determinante o primeiro jogo. É indiferente ser em casa ou fora, porque acho que isto são 180 minutos. Os segundos 90 estão condicionados pelos primeiros. Inicia um jogo novo, mas com um resultado já anterior. E isso não é a mesma coisa. São dois jogos distintos, mas com esse fator. Não gosto desta especulação, de ser melhor começar em casa ou não. Sinto que o primeiro jogo é muito importante e é preciso ganhá-lo. 

— Como se consegue explicar a uma equipa como o FC Porto que não é normal ganhar um jogo nos últimos oito jogos? 

— Explicar aos jogadores? Aos jogadores explico como se joga contra a Roma. Não há explicação. Seguramente que o treinador anterior teve a sua explicação. Eu posso dar a explicação para os três jogos em que cá estive. Temos o nosso foco como profissionais. É preciso ver o que aconteceu durante o jogo. Neste estivemos bem, neste nem tanto. Geralmente, é preciso explicar um resultado. Mas nem sempre. Porque podemos fazer as coisas muito bem e perder, ou fazer as coisas muito mal e ganhar na mesma. O ganhar e o perder estão sujeitos a análise. Se fizermos as coisas bem, estaremos mais perto de ganhar. Fazendo as coisas mal, podemos ganhar uma vez e passar outros sete jogo sem vencer. 

— É o seu primeiro jogo contra um grande clube europeu. Que Roma espera no Dragão amanhã? 

— Se esperamos uma Roma mais defensiva? Em primeiro lugar, defrontar Ranieri é um orgulho para mim. Quando tinha 12 anos, olhava para as equipas dele na televisão. Parece-me que é um treinador que viveu tudo. Ter a possibilidade de o enfrentar e de o ver é um orgulho. É alguém superinteligente, que vai saber como abordar o jogo. A Roma é a Roma, uma equipa grande que tem de vencer em qualquer estádio. Não vamos esperar uma equipa defensiva. No final das contas, a estratégia é o treinador rival que decide. Nós estamos preparados para qualquer situação, para a forma de jogar deles. Que também mudou bastante... Com o Milan viu-se uma Roma muito mais defensiva, noutros jogos viu-se uma Roma mais 'solta', com uma pressão muito alta, até de homem a homem. Estamos preparados para os dois cenários. 

— Nestes dias de trabalho, com que sensações ficou? O que o FC Porto tem de apresentar amanhã como pontos fortes para ir em vantagem para Roma? 

— Gostei da competitividade da equipa. Vou destacar sempre isso. O FC Porto tem de ser competitivo todos os jogos até ao final. Por isso, também a celebração. Fomos competitivos e foi a recompensa de sermos competitivos até ao último minuto. A mim, isso deixa-me boas sensações. Não posso permitir que uma equipa não seja competitiva. Além de qualquer coisa. E isso é resolver em máxima intensidade o jogo. Intensidade e interpretação. Não só ser competitivo a ter a bola e correr, é também arriscar o passe, longo, curto. Em ambos os sentidos. Neste grupo, vejo isso à flor da pele. Em cada treino, exercício e em cada jogo. E isso transmite-me boas sensações. Claro que queremos ganhar todos os jogos, e quando não ganhamos ficamos tristes. Empatando e perdendo, ficamos tristes. Gostamos e queremos ganhar. E nesse sentido, o não ganhar... Somos competitivos. O processo é bom. Pontos fortes para amanhã? O Tiago já o disse. A Roma tem bons jogadores, que se os deixamos jogar... Precisamos de um FC Porto que tire tempo ao rival, que não os deixe tomar decisões. Na nossa forma de ver o futebol, controlar o jogo com e sem bola é fundamental. E para o fazer sem bola, é recuperá-la o mais depressa possível. 

— Vai defrontar a Roma, uma equipa forte, num jogo que podia ser uma final europeia. Como se sente? 

— Entendo a dimensão do rival, mas também entendo a dimensão da camisola que representamos. E nesse sentido, sinto-me com vontade de voltar ao Dragão com os adeptos, que nos empurrem, que nós os consigamos empurrar a eles. Somos o FC Porto e vamos em busca dos três pontos.