Martín Anselmi trouxe boas vibrações a um FC Porto traumatizado com o ciclo de cinco jogos sem vencer. Uma frase de autor desconhecido diz que o azar morre de medo de pessoas determinadas. Na realidade, azar e sorte são conceitos que dão jeito quando o resto falha: a organização e planeamento da época, a escolha dos reforços, o discurso dentro e fora do balneário, as incoerências disciplinares, e por aí fora. Muito do risco desta contratação é assumida por Anselmi.
Se o seu trabalho não se alinhar com as expectativas que já gerou, não sei se a paciência dos portistas é elástica ao ponto esperar pela época seguinte por resultados, como aconteceu com Ruben Amorim quando chegou ao Sporting. Anselmi traz com ele uma filosofia de jogo radicalmente diferente quando a Liga já entrou na 2.ª volta. Com Amorim, o Sporting piorou antes de se tornar numa potência, mas as expectativas eram mais moderadas.
O argentino terá de lidar com uma herança pesada e um plantel que não foi desenhado para o seu modelo de jogo. A transição para um sistema com três defesas será um desafio. O central mais qualificado para sair com bola, Marcano, está fora desde setembro de 2023. Além disso, suspeito que Anselmi suspire por um médio com as características de Danilo, que tanto marcou o meio-campo portista.
O jogo contra o Maccabi Tel Aviv será o primeiro grande teste, oferecendo pistas sobre as suas opções estratégicas. Independentemente do sistema tático adotado, o impacto inicial será psicológico. A atitude dos jogadores será o verdadeiro barómetro para medir os próximos passos desta nova era no FC Porto.