Fredy Guarín, que passou pelo FC Porto entre 2008 e 2012, terminou a carreira no Millonarios, aos 35 anos, em 2021, e explicou que isso se deveu aos momentos verdadeiramente complicados que viveu a partir de 2016, altura em que trocou o Inter pelo futebol chinês.
Numa entrevista à Radio Caracol, o ex-futebolista, em lágrimas, revelou que teve um grande problema com o álcool e que isso começou em Itália, tendo piorado na China, no Brasil, pelo Vasco da Gama, e na Colômbia, sendo que essas últimas duas aventuras coincidiram com a pandemia.
«Comecei a ganhar fama em Itália. Bebia em casa, na discoteca, no restaurante. Já tinha a minha família e isso foi o mais difícil, sabia o que estava a fazer mal, tanto em termos de trabalho como de responsabilidades familiares. Perdi o objetivo de ter uma casa, o objetivo do futebol, senti que não havia limites. Na China sabia realmente o que era o álcool, desde o primeiro dia em que cheguei degenerei alcoolicamente. Levantava-me para ir treinar e depois do treino, álcool. Descansava um pouco, treinava e bebia e era assim todos os dias. Não tinha noção do dinheiro, ganhava muito dinheiro, o dinheiro nem sequer entrava na minha conta lá, mandava-o todo para a Europa, vivia dos prémios e vivia uma vida de luxo… fiz festas, iates, aviões, dei dinheiro», começou por dizer.
«Conseguia gerir muito bem, embebedava-me dois dias antes do jogo e funcionava. Ganhávamos, eu marcava um ou dois golos. Trabalhava mais do que quando não bebia», acrescentou, antes de recordar um episódio no Brasil, em que esteve perto de se suicidar.
«Estava a viver num 17.º andar e desliguei-me da vida… a minha reação foi atirar-me. Havia uma rede na varanda, saltei e ela trouxe-me de volta. Não tinha consciência do que estava a fazer, não sei o que aconteceu… sabia que numa bebedeira ia morrer: era a morte ou a prisão. Bebia 50, 60 ou 70 cervejas por noite. Foram dias pesados, estive bêbedo durante 10 dias, adormecia de cansaço e acordava com uma cerveja ao meu lado. A pandemia chegou, não tinha treinos, não tinha grupo, não tinha futebol e não tinha medo. Ia para a favela e ficava com qualquer rapariga. Abandonei-me completamente, fui procurar o perigo. Eu queria adrenalina, ver armas, movimento... não medi o risco», explicou.
No entanto, o antigo médio garante que está recuperado da situação e que já não bebe há seis meses, contando ainda que um colega seu do FC Porto foi um dos que o ajudaram neste momento difícil. «Também James Rodríguez ajudou-me, emprestando-me a sua casa em Antioquia», revelou, falando ainda um poucas das três temporadas e meia nos dragões. «Foi uma boa experiência porque, depois de mim, chegou o Falcao e depois o James, portanto eramos três colombianos no FC Porto», finalizou.