
Michail Antonio, avançado do West Ham que no início de dezembro sofreu um grave desastre de viação, não tem dúvidas de que lhe foi dada uma nova oportunidade para viver. Em entrevista exclusiva a Helen Skelton, do programa Morning Live da BBC One, o jogador falou do «acidente horrível» e perspetivou o regresso ao futebol.
Era um sábado, 7 de dezembro, lembra-se que o tempo estava «ventoso, húmido e horrível», havia alertas para a tempestade Darragh, optou por levar o Ferrari, mas a parte de trás do carro não o deixava seguro, pelo que até estava a pensar devolvê-lo apesar de o ter há apenas três semanas. Mas do acidente em si, não se recorda: «Nada.»
«É estranho, porque durante todo o processo disseram-me que eu estava acordado e que falava com toda a gente — a polícia, as pessoas e com quem me encontrou. A minha perna estava completamente partida, tiraram-me de lá e colocaram-me uma tala», contou, prosseguindo: «Todos acreditavam que teria uma ambulância aérea, mas o helicóptero não conseguia descolar devido à tempestade, por isso fui conduzido ao hospital.»
Quando há três semanas viu o que sobrou do carro, na sucata, percebeu que tinha escapado de uma tragédia: «Deu-me uma sensação estranha no estômago. Fez-me perceber quão perto estive de morrer. Tinha visto as fotografias, mas foi dez vezes pior ao vivo. O carro estava uma confusão total. Foi difícil para mim.»
E contou a pior parte, com seis filhos: «A parte mais difícil é que quase não estive lá para os meus filhos. Só me fez feliz, positivo em relação à vida, porque tenho outra oportunidade na vida. Mantivemos isto afastado dos miúdos. O meu filho mais velho viu e foi difícil lidar com isso. Tem 13 anos e as pessoas mostravam-lhe fotografias do carro. Por isso, viu-me no hospital. Mas os mais novos nunca souberam realmente a gravidade da situação. Tentámos evitar que fossem à Internet.»
«Parti o osso do fémur em quatro sítios diferentes. Fiz uma cirurgia única», contou, especificando que lhe colocaram parafusos para voltar a unir o osso. Dizem que vai demorar entre seis a 12 meses até a minha perna começar a recuperar corretamente», acrescentou.
Regressando ao acidente, Michail Antonio fez questão de responder aos rumores de que teria consumido álcool ou drogas e que seriam essas as causas para o despiste: «Estava a regressar de um treino e, de qualquer forma, nunca consumi drogas na minha vida. Já disse que gosto de uma bebida. Mas, nesta situação, não houve drogas, não houve bebidas. Isso foi excluído e confirmado pela polícia.»
O avançado dos hammers sublinhou ainda que a terapia a que recorreu no passado para superar a morte do pai e um divórcio também o ajudou a lidar com esta recente situação, caso contrário teria sido bem diferente: «Não o teria processado de todo, ou o que teria feito seria empurrá-lo para baixo e ficar furioso ou agressivo. Desde o acidente, tenho estado mais emotivo do que nunca, mas sinto que é melhor. A terapia é uma das melhores coisas que me aconteceram na vida.»
Sobre o regresso aos relvados, houve um momento de pânico, há duas semanas, quando os fisioterapeutas lhe perguntaram se tinha um seguro contra lesões que pusessem fim à carreira. «Não dormi nada nessa noite», lembrou, antes de olhar agora o futuro com otimismo quando questionado sobre se veremos o jogador de antigamente: «Sim, a 100%. Vou voltar a jogar.»
«Foi um acidente horrível e uma lesão enorme. É a maior lesão que já tive na minha carreira. Mas o facto de já estar dois ou três meses adiantado em relação ao que deveria estar faz-me ver que vou voltar a jogar e sei que assim que estiver a jogar vou recuperar a pontaria (...) As pessoas sempre duvidaram de mim. A minha força mental é algo em que sempre acreditei e este é apenas mais um contratempo, que não me vai parar», frisou.