As alegações de má conduta de várias ex-ginastas num centro de treino em Estugarda na Alemanha levaram à suspensão temporária de dois treinadores, noticiaram esta sexta-feira os jornais 'Stuttgarter Zeitung' e 'Stuttgarter Nachrichten'.

Nos últimos dias, surgiram várias acusações, lideradas pelas ex-ginastas Tabea Alt e Michelle Timm, que denunciaram problemas neste centro, incluindo «abusos físicos e mentais sistemáticos».

A alemã Tabea Alt, 24 anos, foi a mais recente atleta a vir a público denunciar as humilhações sofridas por várias ginastas ao longo dos anos. A ex-atleta, que se retirou aos 21 anos, disse que tentou encontrar soluções internas e enviou uma carta a diferentes dirigentes.

«Durante muito tempo hesitei em expressar-me publicamente sobre os abusos em Estugarda, e também na ginástica feminina alemã em geral. A ideia de abordar estas questões internamente pareceu-me mais segura (...). Há três anos, escrevi uma carta detalhada aos meus treinadores, ao responsável federal, ao presidente da DTB, ao médico da equipa e a outros responsáveis (...). Achei que esse era o primeiro passo para mudar, sem ter que expor as pessoas em público. Mas fui ignorada ou simplesmente não fui levada a sério», disse a antiga atleta.

Distúrbios alimentares, treino de castigo, analgésicos, ameaças e humilhações estavam na ordem do dia. Hoje sei que foi um abuso físico e mental sistemático

«Durante todos estes anos, a minha saúde foi posta em causa por ignorar as ordens médicas e permitir-me ir ao ginásio com várias fraturas e enviar-me para competições. Não é um caso individual: distúrbios alimentares, treino de castigo, analgésicos, ameaças e humilhações estavam na ordem do dia. Hoje sei que foi um abuso físico e mental sistemático. Precisamos de ser ouvidas!»

Alt disse ainda:«Isto é sobre os jovens, sobre a sua saúde e as suas carreiras não pararem antes de começarem. Além disso, trata-se da proteção do desporto talvez mais bonito do mundo. Este sistema tem de mudar para evoluir»