Por estes dias, Eduardo Quaresma é o nome que mais está na boca de todos os sportinguistas e com todas as razões para isso.

Afinal de contas, foi ele que retirou um Sporting ligado às máquinas no último domingo à noite e o devolveu à vida a dois minutos do final do período de descontos que poderia levar os leões a deslocar-se à Luz em segundo lugar. Contudo, Quarema devolveu à liderança com um pontapé de fora da área cheio de fé e raiva que fez explodir as bancadas de Alvalade que já davam sinais de nervosismo e ansiedade e talvez alguma descrença.

O jogo não correu bem ao Sporting, nunca conseguiu impor o seu jogo desde o primeiro minuto com um Gil Vicente em bloco baixo e a sair com propósito para o contra-ataque onde apesar de não criar muito perigo punha muitas vezes em sentido a defesa leonina.

Os leões talvez devido à ansiedade e importância do jogo, falhava muitos passes e não conseguia ligar uma jogada. É então que os gilistas numa jogada que não oferecia muito perigo para a baliza de Rui Silva, St.Juste decide fazer uma entrada despropositada dentro da área fazendo com o Sporting sofresse uma grande penalidade que Félix Correia transformou com mestria.

O jogo não se alterou sobremaneira até ao intervalo, fazendo com que a equipa sportinguista e se fosse enervando cada vez mais.

Apesar de tudo, Quaresma era daqueles que mais tranquilo parecia e mais empenho colocava no jogo. Depois de experiências falhadas no Tondela e no Hoffenheim da Alemanha, mas que serviram de aprendizagem, Eduardo voltou à casa de partida ao Sporting naturalmente frustrado, mas sem nunca perder a esperança de se impor no clube do coração.

E foi mais uma vez, Ruben Amorim, O treinador leonino mais bem-sucedido dos leões nos últimos 40 anos que o segurou, não o deixou cair e foi pouco a pouco apostando nele, tendo já tido um papel importante no título de 24/25.

Depois da saída de Amorim, continuou o seu caminho e o novo treinador Rui Borges chegou a utilizá-lo a lateral direito, mas a posição que mais atuou esta temporada foi como central do lado direito num sistema de três centrais.

Voltando ao jogo com os galos de Barcelos, a reviravolta iniciou-se com as entradas de Hjulmand, Harder e Quenda. A partir daí, começou a ver-se o Sporting habitual, mas já com o coração a mandar, com Gyokeres muito mais em jogo e Hjulmand a comandar o meio-campo como só ele sabe fazer.

Chegados ao minuto 80, Maxi Araújo com um remate feliz vindo de outro remate com ressalto coloca a bola nas redes do Gil Vicente e devolve a esperança a um Alvalade lotado que já começava a desacreditar num bom resultado.

Mas como o jogo só acaba no fim e com cinco minutos de descontos, a meio desse período numa das últimas oportunidades do jogo, num canto de Maxi depois de Andrew o guardião dos gilistas a aliviar para a entrada na área, aparece quem? Ele mesmo Eduardo Quaresma que deve ter pensado, é agora ou nunca e dispara um remate colocado sem hipótese para o guarda-redes dos galos.

A bola anichou-se no fundo das redes libertando o vulcão de Alvalade e a emoção instalou-se em todas as bancadas do estádio.

Depois o que se passou foi só o futebol em estado puro. Um miúdo de 22 anos a chorar compulsivamente enquanto era “abafado” pelos companheiros em êxtase como se tivesse marcado o golo mais importante do mundo. E, efetivamente, para o Sporting era-o naquela altura. As lágrimas de Quaresma representavam, de algum modo, as lágrimas de muitos sportinguistas pelo mundo.

Se Eduardo Quaresma já aparentava grande confiança nesta parte final da época, com este suplemento de energia poderá entrar na Luz, se for titular, a estar ainda mais seguro das suas capacidades sem nunca perder a humildade que a certa altura inicial da carreira o levou a percorrer o caminho das pedras, mas acredito que Quaresma irá continuar focado e a trabalhar sem ficar deslumbrado com o momento mágico que viveu.