Depois de uma longa espera, Benfica e Nacional voltaram-se a encontrar, desta vez para acabar de tratar de um assunto pendente. Na segunda aparição no Estádio da Choupana, os encarnados sorriram no final (0-2), conquistando três preciosos pontos na sua caminhada. Um herói sul-americano voltou a vestir a capa!
No duelo adiado, a contar para a oitava jornada da Liga Portugal Betclic, a equipa que veste de vermelho impos a sua superioridade ao longo dos 90 minutos, apesar de ter pecado na hora de visar a baliza. Apesar das dificuldades associadas ao nevoeiro, a turma lisboeta ascendeu ao segundo lugar da tabela classificativa. Já os madeirenses continuam com 12 pontos, um acima da linha de água.
Nevoeiro de mãos dadas com a desinspiração
Apesar dos múltiplos condicionalismos nas escolhas iniciais, fruto das restrições contempladas no Regulamento das Competições, Tiago Margarido operou uma mudança face às opções tomadas antes do adiamento. No entanto, foi algo circunstancial, fruto da lesão de Nigel Thomas. Dudu foi chamado a ação, ficando responsável por agitar o corredor esquerdo, acompanhado por Arvin Appiah no lado contrário e Isaac Tomich como referência central.
Já as águias, no seu habitual 4-2-3-1, procuravam servir Di María, Kerem Aktürkoglu e Vangelis Pavlidis, os elementos mais adiantados, com Orkun Kökçü a ser o elo de ligação entre o miolo e o ataque. Logo no lançamento lateral favorável aos alvinegros, que ditou a retoma do embate, foi visível apreender os três princípios comuns delineados por ambos os conjuntos: verticalidade, velocidade de processos e, sobretudo, alta intensidade.
Os visitantes, tal como era previsto, assumiram as rédeas do jogo, procurando brechas na defensiva contrária através de uma circulação bastante ativa. Foi desta forma que os pupilos de Lage criaram a primeira tentativa digna de registo: o esférico chegou aos pés de Alexander Bah, que, posteriormente, desferiu um cruzamento a régua e esquadro em direção de Aktürkoglu. O cabeceamento do turco parecia seguir para o alvo, mas Zé Vítor, com um corte providencial, impediu o primeiro constrangimento.
O camisola '17' estava claramente com vontade de fazer o gosto ao pé e, como tal, voltou a tentar a sua sorte, aos 29'. O disparo do extremo, perto da marca dos onze metros, tinha o selo de golo, mas Gustavo França estragou a festa com uma defesa instintiva. A verdade é que as ocasiões começaram a aparecer sobre a tela, cada vez mais intensa, de nevoeiro. Entre as dúvidas relativas à continuidade da disputa, também apareceram as primeiras interrogações sobre a justiça do resultado, principalmente após mais uma intervenção soberba do guardião insular.
D. Sebastião sob a pele argentina
Depois do descanso, os forasteiros aumentaram a pedalada, procurando a finalização certeira que desatasse o nó no marcador. Como as incursões trabalhadas no último terço não estavam a gerar ameaças concretas, Kökçü explorou uma alternativa distinta. À lei da bomba, o médio encheu o pé na meia distância. O míssil deixou França pregado ao chão, mas a barra negou um autêntico golaço do atleta de 23 anos.
Todavia, com o céu mais limpo, o desejo do Benfica acabou por se concretizar, com Ulisses Wilson a não ficar ausente de culpas. Em zona proibida, o central brasileiro cortou o cruzamento de El Fideo com o braço, originando então uma grande penalidade. O antigo internacional da Argentina respirou fundo e, com classe, enganou o guarda-redes. Um clássico... esférico para o lado direito, guardião para o esquerdo.
O experiente avançado não estava satisfeito e quis mostrar o porquê de possuir a imponente coroa. Desta forma, aos 74', o camisola '11' voltou a colocar a bola no fundo das redes, rematando colocado e rasteiro. Mais um gesto sublime, que mereceu ovações (e palmas) dos adeptos encarnados. Nevoeiro na segunda parte? Nem vê-lo... a magia deu conta do recado!