
A Espanha esteve a dois minutos de ser derrotada em Roterdão, salvou-se graças à boa jogada de Nico Williams concluída por Mikel Merino, inventado como falso 9 por Mikel Arteta, técnico espanhol do Arsenal, e que, no Euro 2024, também foi decisivo com o golo que marcou contra a Alemanha. Mas além do resultado que faz com que tudo se decida neste domingo em Valência, a nota curiosa foi a estreia de Dean Huijsen como novo jogador da seleção espanhola - com ele são já 23 os jogadores chegados a internacionais desde que Luis de la Fuente tomou conta da seleção absoluta.
O defesa, de apenas 19 anos, substituiu, por lesão, perto do intervalo, outro da mesma idade, Pau Cubarsí, e a sua entrada no relvado esteve acompanhada por uma sonora assobiadela que se repetiu, durante todo o encontro, cada vez que tocava a bola, por parte dos adeptos que enchiam as bancadas e provavelmente para muitos que lá não estavam, o jovem futebolista é, pouco menos, que um traidor à pátria.
Huijsen é neerlandês de nascimento, Amesterdão é a sua cidade natal, mas com apenas cinco anos mudou-se com os pais para Málaga e é aí onde a família continua a viver. Também foi no clube local onde deu os primeiros passos no futebol, já adolescente prosseguiu em Itália a sua formação e agora é titular indiscutível como central do Bournemouth, de Inglaterra.
Na sua carreira internacional representou as categorias jovens dos Países Baixos, mas quando teve de decidir sobre a seleção absoluta fez uso da sua dupla nacionalidade e optou pela de Espanha. «Sinto-me espanhol e é em Málaga que tenho a minha casa», afirmou, justificando a decisão que terá tido por detrás o trabalho de sapa de Luis de La Fuente e de Iraola, treinador da sua atual equipa, junto do governo espanhol que lhe concedeu o passaporte. Nos Países Baixos não faltam as críticas à Federação, acusada de ter feito as coisas mal e tarde privando Ronald Koeman e a equipa nacional de um jogador que já é muito mais que uma promessa e com um enorme futuro à sua frente.
Foi isso o que se viu durante o tempo que ele esteve no relvado da banheira de Roterdão, revelando uma grande personalidade, em nada se deixando afetar pelos constantes protestos dos seus compatriotas, nem pela invulgar coincidência de se estar a estrear contra e no país onde nasceu.
Tranquilo e sem nervos, fez uma notável exibição, mostrando boa técnica, contundência e preocupação em servir nas melhores condições os seus companheiros da frente. Dean Huijsen, que o Real Madrid quer contratar, chegou à seleção para ficar, juntando-se a Asencio que talvez tenha amanhã a sua estreia e a Cubarsí que regressou a Barcelona por estar lesionado, os três têm a mesma jovem idade e, com eles e algum mais que entretanto aparecerá, a seleção espanhola tem coberto com todas as garantias e durante o próximo decénio, o centro da sua defesa.