Há um mito no futebol que diz que quando as equipas atingem os seus objetivos num campeonato, jogam as partidas que faltam de forma solta, alegre e sem pressão. Diz-se que esses jogos são, muitas vezes, os melhores! Ora, ese domningo, Arouca e Casa Pia deram um duro golpe nesse mito. Num jogo sem grandes dramas nem objetivos em disputa, empataram a zero este domingo. Com a manutenção já assegurada por ambas as equipas, o jogo refletiu exatamente esse estado de espírito: uma tranquilidade que roçou o desinteresse competitivo e deu origem a um espetáculo pobre em intensidade e oportunidades. A única animação (desnecessária) veio já depois do apito final, com confusão e muitos vermelhos.

Só Fonte «animou»

@Kapta+
As equipas apresentaram-se confortáveis em campo, sem grande urgência ou pressão, o que se traduziu numa primeira parte com poucos momentos dignos de registo. O Casa Pia apresentou novidades táticas: manteve o habitual esquema de 3-4-3, mas adaptou Geraldes e Leonardo Lelo — dois laterais de origem — à linha de três centrais. No ataque, também houve nuances, com Cassiano a cair mais para uma ala e Cauê dos Santos mais fixo no centro.

Talvez por esse ajuste, foi o Arouca quem entrou melhor, mais organizado e com mais bola. Nos primeiros 15 minutos, os da casa criaram as melhores «ocasiões», com destaque para Brian Mansilla, que surgiu isolado, mas desperdiçou a oportunidade com um remate de chapéu que saiu ao lado. Depois disso, o ritmo abrandou e a primeira parte arrastou-se sem grandes lances de perigo, até que, já perto do intervalo, surgiu o momento mais marcante: José Fonte, capitão do Casa Pia, foi expulso por uma entrada dura, deixando os visitantes reduzidos a dez.

Muito pobre

Paradoxalmente, foi o Casa Pia que entrou melhor na segunda parte, mostrando maior capacidade para sair em transições, ainda que sem criar verdadeiras oportunidades de golo. O Arouca, mesmo em superioridade numérica, teve enormes dificuldades em acelerar o jogo e em impor essa vantagem. A equipa parecia presa a uma abordagem demasiado passiva, enquanto o Casa Pia ia resistindo, gerindo o tempo e quebrando o ritmo sempre que possível, contando aqui com a ajuda do árbitro Iancu Vasilica, que permitiu que pouco se jogasse.

@Kapta+
Com o passar dos minutos, os lisboetas foram recuando no terreno, limitando-se a defender e a segurar o ponto. O Arouca só voltou a criar real perigo já perto do final, com Henrique Araújo a obrigar Patrik Sequeira a uma excelente defesa num cabeceamento colocado. No último suspiro, veio a oportunidade mais flagrante da partida: Larrazabal rematou dentro da área e acertou na trave, depois de uma defesa impressionante de João Valido que desviou a bola para o ferro.

Num jogo morno, com mais paragens do que emoção, o empate acaba por se ajustar ao que as duas equipas apresentaram: pouco risco, pouco ritmo e, acima de tudo, poucas razões para ir além do essencial. Para a história fica o atingir da melhor pontuação do Casa Pia na Primeira Liga, atingindo os 42 pontos.