É feita de grandes concorrentes e estreitas margens, esta Liga dos Campeões, mas não é imbatível... O Benfica arrancou mal e teve mais do que um revés na corrida até à vitória, mas com a correção da rota provou que, ao contrário do que se diz, é possível ultrapassar no Mónaco! O grande prémio são os três pontos e esses vão para o bolso da águia, que a reagiu às duas derrotas consecutivas na Europa com o derrubar de uma equipa que ainda estava invicta.

Caminho para Ben Seghir

Por mais que a balança das bancadas pendesse ligeiramente para o Benfica, que se apresentou em grandes números (e não só na bancada visitante) num estádio historicamente complicado para os portugueses, em campo vimos a equipa da casa a entrar mais forte, determinada a mostrar o motivo de ter chegado à quinta jornada no pódio deste novo formato da maior prova de clubes.

O Monaco começou por ter mais bola e rapidamente fez as primeiras aproximações à baliza de Trubin, graças às combinações de um quarteto atacante que jogou com liberdade e fluidez. O mais dinâmico foi Eliesse Ben Seghir, uma promessa para bem seguir pois aos 19 anos é o artilheiro da equipa. Aos nove minutos desperdiçou a primeira oportunidade flagrante, mas cinco minutos depois concluiu uma jogada de insistência. 1-0.

Lage não montou uma equipa fechada no setor mais defensivo como sucedera na última viagem europeia, mas também não lhe deu tanta liberdade como em jogos de provas domésticas. Pedia-se uma postura mais dominante das águias, especialmente estando em desvantagem, mas essa necessidade expressou-se mais na vontade do que na qualidade e isso gerou um jogo agressivo, com várias faltas e amarelos.

Foi só na reta final do primeiro tempo que a pressão do Benfica foi competente e criou desconforto no Monaco. Foi nesse período que a bola chegou mais frequentemente à área adversária e permitiu a criação de várias oportunidades. Carreras, Otamendi e Akturkoglu ameaçaram, Di María fez mais do que isso, mas nenhuma entrou.

VAR alimentou o caos

O Benfica recolheu ao balneário em desvantagem, mas ciente de que conseguiria criar mais oportunidades. Isso confirmou-se no arranque da segunda parte quando, logo depois de um bom lance de Embolo bater caprichosamente no poste, Pavlidis conseguiu fazer o empate. Mérito do grego na pressão, mas muito demérito do lateral Caio Henrique, cujo atraso permitiu o empate.

Esses três primeiros minutos do segundo tempo foram representativos do que se seguiu. Um jogo mais caótico do que nunca, com uma águia a voar rápido até ao último terço e um Monaco que também feriu no futebol direto. O motivo para não ter sido um festival e golos descreve-se em três letras: VAR. Foi Akliouche, outro miúdo da formação, quem colocou os monegascos de novo em vantagem, mas o tento foi invalidado. Bah colocou a bola na baliza poucos instantes depois, mas também essa festa foi cancelada devido a um fora de jogo de Pavlidis.

No meio dessas peripécias, o nulo continuava por desfazer num jogo que ainda tinha tempo para muita história. Caso fosse preciso prova disso, a equipa de Adi Hütter tratou de dá-la: expulsão do central Singo aos 58´, por acumulação de amarelos, e golo (válido!) de Mawissa 10 minutos depois, para colocar os anfitriões em vantagem.

Novamente em desvantagem no marcador, o Benfica aproveitou a vantagem numérica para provar que é de facto possível ultrapassar nesta pista monegasca. Valeu acima de tudo o banco encarnado, que conseguiu, com a magia de Di María e as cabeças de Arthur Cabral e Amdouni, consumar uma brilhante reviravolta!