Não há ciência, nem tampouco tática, passíveis de explicar este Manchester City. No sexto jogo sem vitórias, a equipa de Guardiola esteve a vencer por 3-0 até aos 75 minutos, tremeu com o primeiro golo do Feyenoord e acabou desesperado com um desconcertante 3-3. Misteriosos são os caminhos da mente humana.

Inadmissível, impossível, de perder os cabelos e arrancar a cabeça. O olhar de Pep, algures entre o furioso e o perdido, resumia o estado das coisas. Algo vai mal, muito mal, no reino blue.

Não é fácil explicar este descalabro, de 15 minutos, apenas com argumentos futebolísticos. Há uma erosão emocional gritante, uma fragilidade competitiva nunca antes vista numa equipa de Pep Guardiola.

Minuto 75: Gvardiol faz um passe sem olhar para Simpson-Pusey, Hadj Moussa rouba a bola, dribla Ederson e reduz para 3-1. Sinal de alarme acionado.

Minuto 82: Lotomba faz um belo cruzamento, Santi Giménez encosta de peito para a baliza deserta e faz o 3-2. Tensão absoluta.

Minuto 90: erros atrás de erros, Igor Paixão é lançado, Ederson sai tarde da baliza, cruzamento e Hancko encosta de cabeça para o 3-3.

Encostado às cordas pelo desespero, e uma auto-estima em frangalhos, o ManCity ainda disparou à barra (Grealish) nos descontos, mas o mal, todo o mal, já estava feito.

Depois de um final assim, de queda vertiginosa de uma equipa até há pouco toda-poderosa, nem faz sentido falar do que estava para trás.

Sim, Erling Haaland fez mais dois golos e chegou aos 17 em 18 jogos esta época.

Sim, Matheus Nunes foi titular e ofereceu o terceiro da noite a Haaland.

Sim, Bernardo Silva fez os 90 minutos e participou no segundo do City (Gundogan).

De que vale tudo isto, quando se assiste ao despedaçar da alma de Guardiola e do Manchester City?

Desde 1963, há 61 anos, que o City não sofria dois ou mais golos em seis jogos seguidos.

Crise, da cabeça aos pés. Até aos ossos.