O antigo corredor Greg LeMond, três vezes vencedor da Volta a França (1986, 1989 e 1990) afirmou que os ciclistas na atualidade enfrentam a «obsessão pelo peso» e «não se parecem com a mesma espécie de humanos» dos do tempo em que competia. O norte-americano, de 63 anos, falava à revista Rouleur.
«Os corredores, forçados pelas equipas, sobrevalorizam a questão do peso. A relação potência/peso sempre existiu, mas agora o peso médio de um ciclista profissional é três ou quatro quilos mais leve do que no meu tempo. Li que os corredores tomavam comprimidos para dormir só para vencer a fome», afirmou.
«Eu meço 1,78 m e há muitos ciclistas, com a mesma altura, que pesam 60 kg. Eu pesava 68 kg! Oito quilos no ciclismo fazem diferença como da noite para o dia, o que explica o aumento da velocidade média das corridas», refere LeMond, que comentou a suspeição sobre as performances de corredores como Tadej Pogacar ou Jonas Vingegaard.
«Se olharmos para Vingegaard e Pogacar, creio que não seja impossível [as suas performances sem dopagem]. Veja-se o Merckx e o Bernard Hinault. Penso que, a cada geração, há um ou dois ciclistas que são mais talentosos do que os outros, mas para ter mais certezas gostaria que os corredores publicassem os seus dados», refere Greg Lemond.
«Adorava que a UCI tornasse obrigatória a divulgação de dados de performances, como o VO2 máximo, pelo menos duas vezes por ano, e também a taxa de hematócrito. Se um corredor tiver um VO2 máximo muito alto e o hematócrito muito baixo, não consegue aqueles desempenhos. É fácil ter transparência», defende o campeão mundial em 1982.