
Até ao lavar dos cestos é vindima. A expressão, tão tipicamente portuguesa, é o espelho mais fiel do que aconteceu na Choupana. E o dito popular foi utilizado… pelas duas equipas. Ainda que a colheita tenha sido (bem) mais proveitosa para o Estoril.
Mediante as regiões do País, a tradicional apanha da uva é feita entre os meses de julho e outubro. Na Madeira, pelos vistos, também pode haver condições para vindimar em fevereiro. Afinal, ambos os conjuntos demonstraram ter terreno fértil em videiras para estenderem o (habitual) período da colheita.
Quando Yanis Begraoui, logo no minuto inicial, provou que um marroquino também pode adaptar-se aos costumes nacionais, estava dado o mote para uma ida estorilista à adega: erro de Zé Vítor na saída de bola, assistência perfeita de João Carvalho e André Lacximicant, dentro da pequena área, carregou o primeiro cesto em tons de amarelo.
A formação da Linha de Cascais dava corpo a um ano civil absolutamente vitorioso e provava que tinha viajado até à pérola do Atlântico em busca da sexta vitória em… seis jogos. Mas o tento do camisola 9 teve o condão de… despertar os insulares.
Dudu testou a atenção de Joel Robles (8’ e 27’), Luís Esteves ousou a meia distância (23’) e Isaac Tomich também ameaçou (39’ e 42’). Estavam cortadas algumas parras que (também) faziam prever uma (boa) colheita dos alvinegros. Algo que aconteceu mesmo: já em período de compensação da primeira parte, Luís Esteves foi derrubado por Jordan Holsgrove, dentro da área, e Dudu, na transformação do penálti, apanhou as uvas.
E nem o intervalo na labuta fez esmorecer a força dos comandados de Tiago Margarido para mais umas caminhadas pela terra. Que continuava fértil, razão pela qual voltou a dar frutos logo após o descanso. Luís Esteves reforçou o papel de chefe de equipa e convidou Daniel Penha a aventurar-se com uma tesoura de podar. O brasileiro também se adaptou à cultura lusa e virou o cesto – entenda-se, completou a cambalhota no marcador.
E quando a invencibilidade dos estorilistas estava claramente em risco, houve quem (também) viesse de fora para… vindimar: o austríaco Felix Bacher meteu a tradição na cabeça e selou o 2-2. Estamos no segundo mês do ano? As vindimas podem ser feitas… fora de época.
Reação dos treinadores
Tiago Margarido - Nacional
É um empate que sabe a pouco. Na segunda parte fomos claramente superiores, conseguimos a reviravolta e o golo que sofremos no final não foi justo, na minha ótica. Acabou por ser um balde de água fria perante o que nós fizemos durante os 90 minutos. Mesmo assim, a minha equipa demonstrou caráter e união.
Ian Cathro - Estoril
Foi um jogo muito caótico, com pouca ordem e, provavelmente, um daqueles com menos tempo útil que vi na minha vida. E isso não é o ideal. Temos de trabalhar a capacidade para continuarmos a jogar consoante o resultado. Faltam 12 jogos e vamos continuar o nosso caminho porque temos a ideia de continuarmos a crescer.
As notas dos jogadores do Nacional:
Lucas França (6), Gustavo Garcia (6), Ulisses Wilson (6), Zé Vítor (4), José Gomes (4), Daniel Penha (6), Djibril Soumaré (5), Luís Esteves (7), Dudu (7), Isaac Tomich (6), Paulinho Bóia (4), Arvin Appiah (5), Rúben Macedo (5), João Aurélio (5), André Sousa (5) e Léo Santos (-)
As notas dos jogadores do Estoril:
Joel Robles (6), Felix Bacher (7), Pedro Álvaro (4), Pedro Amaral (6), Wagner Pina (5), Xeka (5), Jordan Holsgrove (6), Fabrício Garcia (5), Yanis Begraoui (5), André Lacximicant (6), João Carvalho (7), Rafik Guitane (5), Vinícius Zanocelo (5), Alejandro Marqués (5) e Gonçalo Costa (-)
Notícia atualizada às 21 horas