O cargo de Vitor Bruno à frente do comando técnico dos azuis e brancos está por um fio. Depois da derrota surpreendente em Moreira de Cônegos que ditou a eliminação precoce do FC Porto da Taça de Portugal, os Dragões deslocam-se à Bélgica para defrontar o Anderlecht, naquele que poderá significar o sétimo desaire da equipa portista ainda antes de terminar o mês de novembro.

O ex-adjunto de Sérgio Conceição até começou bem a temporada. Reviravolta histórica frente ao Sporting depois de estar a perder por três – que lhe valeu uma Supertaça – e, em seguida, três vitórias consecutivas a iniciar o campeonato, partilhando a liderança com a equipa então treinada por Ruben Amorim.

No entanto, quem viu com “olhos de ver” o jogo inaugural da época no Estádio Municipal de Aveiro, percebeu que a equipa do Sporting tinha um modelo de jogo muito melhor trabalhado do que os Dragões, o que tornou a derrota dos azuis e brancos em Lisboa, num desfecho previsível. Um 2-0 sem história e que até foi simpático para os portistas, simbolizando a primeira derrota na era Vítor Bruno. Os azuis e brancos fizeram uma exibição paupérrima, sendo dominados pelo Sporting de início ao fim.

Seguiram-se mais duas vitórias consecutivas no campeonato e, após isso, deslocação à Noruega para a estreia europeia do FC Porto. Num jogo que revelou má preparação e algum desconhecimento do Bodo/Glimt, por parte da equipa técnica dos portistas, os Dragões entraram com o pé esquerdo numa prova onde eram considerados favoritos à conquista da competição.

Como se não bastasse, os treinados por Vitor Bruno ainda beneficiaram de uma expulsão precoce por parte de um jogador do Bodo/Glimt, mas, ainda assim, não impediram a derrota frente a um adversário teoricamente inferior. Se a derrota em Alvalade era previsível, o desfecho no norte da Europa foi surpreendente e fez com que começassem a soar as primeiras vozes de descontentamento nas hostes portistas.

Seguiu-se uma vitória gorda frente ao Arouca e em seguida a recepção ao Manchester United: um jogo sempre complicado contra um dos tubarões do futebol mundial.

No entanto, os Red Devils estavam (e estão) longe dos tempos de glórias e somavam resultados negativos antes da deslocação ao Dragão, permitindo que o FC Porto fosse olhado como favorito para o jogo em questão.

Apesar do favoritismo, a equipa liderada por Vítor Bruno, começou muito mal o encontro e esteve mesmo a perder por dois golos. Uma grande exibição de Samu Omorodion catapultou os portistas para uma grande reviravolta que só não foi histórica porque Harry Maguire empatou para os Red Devils mesmo ao cair do pano.

Os Portistas mesmo a jogar com mais um – após expulsão de Bruno Fernandes – entregaram totalmente a iniciativa de jogo aos ingleses e desceram demasiado as linhas, permitindo vários momentos de sobressalto que fizeram prever o golo do empate. Vítor Bruno revelava-se, uma vez mais, incapaz de inverter a tendência do jogo permitindo que o Manchester United, mesmo com menos um elemento, encostasse o FC Porto às cordas.

Os Dragões responderam ao empate na Liga Europa com uma vitória em casa muito sofrida contra o SC Braga e prolongaram, nas semanas seguintes, a melhor série de vitórias da equipa durante a presente época, contabilizando seis triunfos consecutivos, inclusive a estreia de Vítor Bruno a vencer na Europa frente ao Hoffenheim.

Seguiram-se então, três derrotas consecutivas que põem o treinador portista em cheque. A primeira, em Roma, frente a uma Lazio que era perfeitamente acessível para os Dragões. Fica para a memória, a maneira displicente e infantil com que a equipa sofreu os dois golos. Ambos em tempos de compensação a terminar as respetivas partes e em bolas na área que eram perfeitamente defensáveis. Dois golos caídos do céu que empurraram os portistas para novo desaire europeu.

A série negativa iniciada em Roma, prolongou-se na Luz. Massacre do Benfica contra o FC Porto, num jogo que terminou em 4-1, mas que poderia ter terminado com mais dois ou três golos para os encarnados. Não se via um Benfica a marcar quatro golos ao eterno rival há mais de 52 anos. Mais assustador que os golos sofridos, foi ver o desnorte da equipa portista em campo, incapaz de se encontrar e de ser uma equipa competitiva contra um rival crónico.

Foi o quinto resultado negativo de Vítor Bruno no comando técnico dos Dragões, e o mais marcante para os adeptos portistas que não viam uma exibição tão apagada no Estádio da Luz há décadas.

Após este jogo, houve uma paragem de seleções que poderia dar alguma margem de manobra e de espaço para melhorar, mas que não resultou em nada para o clube da cidade Invicta. O FC Porto teve o sexto desaire da época, ao ser eliminado da Taça de Portugal – prova onde era tricampeão – pelo Moreirense.

A contestação por parte da massa associativa do FC Porto subiu de tom e o jogo na Bélgica assume uma maior importância para a definição do futuro do atual treinador dos Dragões. Será que tem mais do que sete vidas?