Martín Anselmi fez a antevisão do encontro do FC Porto com a Roma, na segunda mão do play-off de acesso aos oitavos de final da UEFA Europa League (1-1 na primeira mão). Eis o que o técnico argentino disse na sala de imprensa do Estádio Olímpico:

Importância de marcar primeiro

«É sempre importante marcar primeiro. Seria um começo ideal. Creio que já vimos no outro dia: é um rival forte, com bons jogadores, uma equipa que tem capacidade para se bater no jogo e impor-se em cada duelo. Os primeiros minutos serão intensos, vão tentar marcar o primeiro golo. Estamos preparados, treinámos bem e esperamos que amanhã as coisas saiam como temos planeado, para fazer um bom jogo.»

Golos apenas surgem nas segundas partes

«Não tenho explicação. Queremos marcar na primeira parte. Por vezes, em qualquer jogo, as pernas nas segundas partes têm menos energia e há mais espaços. Uma pressão super alta e de perseguição numa primeira parte em que estão defender e a correr por todo o campo, já na segunda é mais complexo e os jogos acabam por abril. Há jogos em que o rival defende num bloco baixo durante todo o jogo, uma bola parada é importante porque pode abrir espaços. E às vezes é só circunstancial, por exemplo no Rio Ave merecíamos marcar na primeira parte. Se tivesse que dar uma explicação, seria pelos jogos muito intensos e os espaços terem aparecido mais nas segundas partes.»

Papel de Francisco Moura, que leva dois jogos seguidos a marcar

«Na nossa forma de jogar os laterais têm um papel importante quanto ao desgaste, porque têm de subir e descer. São necessários jogadores com muita capacidade de repetir esforços. O Francisco incorpora-se duas vezes com a Roma e numa tem recompesa. No Cruz Azul tínhamos um lado esquerdo com muitos golos, que também se destacou, por isso faz-me pensar se atacamos mais pelo lado esquerdo. Porque parece similar. É um jogador que tem a capacidade para fazê-lo. O mesmo o João Mário e também o Zaidu e o Martim Fernandes são jogadores com essa capacidade de ir e vir como o Moura

A UEFA Europa League é a prova em que pode mostrar mais resultados imediatos?

«Não estamos a jogar todas as competições, já não temos Taça de Portugal, nem Taça da Liga. No campeonato faltam muitas jornadas, ainda estamos com possibilidades de mostrar resultados. Aqui [UEFA Europa League] é uma competição agora em mata-mata, um passa e outro fica. Vimos aqui com vontade de passar à próxima fase. Não viemos a Roma ver o que se passa, viemos para passar.»

Onde é que Pepê encaixa melhor na equipa?

«Imaginamos um jogo com o Farense com bloco baixo, onde os nossos alas podiam ter uma tendência mais ofensiva, porque jogariam mais como extremos. O Pepê jogou como lateral em algum momento. E o João Mário vinha jogando muito... e precisava de um pouco de descanso para chegar nas melhores condições aqui. Gonçalo Borges podia dar isso, mas também tinha jogado. O Pepê dava mais soluções. Não o imagino aí, imagino por dentro. Tem capacidade para girar, para colocar-se de frente, para tirar adversários. Se imagino por fora, mais no lado esquerdo. Mas como sabia que tinha jogado como lateral, a equipa está sempre acima, tocou-lhe uma função que não é natural, que nem ele nem eu o imagino.»

Apenas um golo marcado por pontas-de-lança na era Anselmi

«O importante é marcar. Queremos ganhar, para ganhar temos de marcar. E os golos a mim dá-me igual quem os marque, desde que marquemos. Na minha experiência tive situações em que tive um avançado que passou um semestre sem marcar e no outro foi o goleador da equipa. Creio que tenho claro as capacidades e classe de jogadores que são os meus avançados e a sua qualidade. A partir daí, entendo que converter ou não é produto de muitas coisas. Estou tranquilo com as suas qualidades e sei que são fases que se quebrarão. Quando a baliza abre, entrarão todas. Enquanto a equipa criar e trabalhe para que eles marquem, não me preocupa.»

Declarações de Ranieri sobre a arbitragem

«Há sempre coisas para corrigir, mas também para modificar, porque se fizermos o mesmo do primeiro jogo não estaríamos a aproveitar alguma vantagem que podíamos ter. Por isso gosto do mata-mata porque pequenos detalhes modificados podem marcar a diferença. Depois as declarações [de Ranieri], não as vi. Não gosto de opinar sobre algo que não li. Entendo que é um treinador experiente, que entende o que é este jogo, que pode criar um contexto no qual condiciona algumas decisões do árbitro. A única coisa que quero é justiça. Não gosto que me ofereçam nada, que o árbitro assinale bem e faça o seu trabalho. Não quero que inventem um cartão vermelho, um penálti que não seja. Quero me dêem o que é. Mais além desse ruído, que tudo o que se gera, que vivamos um jogo em que o árbitro dê justiça.»

Ranieri diz que o jogo é 50/50

«Pela nossa frente há um adversário com história, com os seus adeptos e um plantel impressionante. Deste lado está o FC Porto, um clube com história, com os seus adeptos e um plantel com muita fome. Dou 50/50 ao Ranieri.»