Depois de no sábado ter sido anunciado o acordo entre Sinner e AMA, vários tenistas, entre os quais o sérvio Novak Djokovic, recordista de títulos de torneios do Grand Slam, criticaram os termos, dizendo não acreditar num desporto limpo.

"São muito injustas [as críticas]. Ele passou todo este processo desde o início cumprindo todas as regras. E não houve qualquer favoritismo. Acontece que todas estas circunstâncias foram muito peculiares. Ele sente que foi tratado de forma muito dura", disse Jamie Singer, em declarações à SkySports.

O advogado lembrou que houve "um tribunal independente que decidiu que não deveria ser aplicada qualquer sanção", mas que, mesmo assim, aconselhou Sinner a aceitar o acordo com a AMA.

"Demorou um pouco a fazê-lo perceber de que aceitar o acordo com a AMA era a coisa correta a fazer, em vez de percorrer todo o processo no TAS [Tribunal Arbitral do Desporto]", referiu Singer.

No sábado, a AMA suspendeu por três meses, até 04 de maio, Jannik Sinner na sequência do acordo com a Agência Mundial Antidopagem (AMA), motivado por dois controlos positivos do líder do ranking mundial.

O acordo levou a AMA -- que pretendia impor ao tenista italiano, pelo menos, um ano de suspensão -- a desistir do recurso apresentado no TAS, no qual contestava a decisão da Agência Internacional para a Integridade do Ténis (ITIA) de ilibar o número um mundial.

O líder da hierarquia da ATP, de 23 anos, aceitou "a proposta da AMA de resolver os processos com base em uma sanção de três meses" de suspensão, que não o impede de disputar nenhum dos restantes três torneios do Grand Slam de 2025, uma vez que o próximo -- Roland Garros, em França -- começa em 25 de maio.

Em 10 de março de 2024, durante o Masters 1.000 de Indian Wells, Sinner testou positivo para baixos níveis de um metabolito de clostebol, um esteroide anabolizante proibido que pode ser utilizado para uso oftalmológico e dermatológico e, oito dias depois, um novo teste fora de competição voltou a revelar a presença da substância em quantidades ínfimas na urina do italiano.

De acordo com a ITIA, Sinner justificou os resultados dos testes antidoping com o facto de um membro da sua equipa de apoio ter utilizado um spray de venda livre que continha clostebol para tratar uma pequena lesão (um corte num dedo), sendo que o mesmo, posteriormente, viria a massajar o italiano sem luvas, contaminando-o com a substância.

"A AMA aceita que o Sr. Sinner não pretendia fazer batota, que a exposição ao clostebol não lhe proporcionou nenhum benefício no desempenho desportivo e que ocorreu sem o seu conhecimento, devido à negligência de membros da sua equipa", informa a agência.

O tenista foi suspenso provisoriamente, mas recorreu e foi autorizado a continuar a competir, tendo, em agosto de 2024, sido ilibado de qualquer intencionalidade na violação das regras antidopagem pela ITIA, que apenas lhe retirou o prémio em dinheiro e os pontos conquistados em Indian Wells, onde perdeu nas meias-finais com o espanhol Carlos Alcaraz.

Poucas semanas após ter sido ilibado pela ITIA, e depois de dispensar o fisioterapeuta Giacomo Naldi, o alegado responsável pela contaminação, e o preparador físico Umberto Ferrara, que terá fornecido o spray, Sinner tornou-se o primeiro italiano a conquistar o Open dos Estados Unidos, tendo, já em janeiro de 2025, revalidado o título no Open da Austrália.

A suspensão vai impedir Sinner de participar em três torneios Masters 1.000 -- Indian Wells e Miami, em março, e Monte Carlo, em abril -, o que lhe custará importantes pontos na defesa da liderança do ranking mundial.

NFO (RPC/AMG) // VR

Lusa/fim