O Benfica recebeu e venceu o FC Porto, por 4-1, num jogo histórico no futebol português, pela positiva para os visitados e, consequentemente, pela negativa para os visitantes.
No lançamento da partida não surpreendeu as escolhas de ambos os lados. Como tinha antevisto, o Benfica lançou as cartas mais pesadas de uma só vez e que são as peças fulcrais no bom início de Bruno Lage, na equipa da Luz.
Já no FC Porto, o Eustáquio foi opção no meio-campo com Nico e Alan Varela. Apesar de Fábio Vieira ter feito um jogo bastante interessante a “10”, Vítor Bruno preferiu não arriscar, mantendo no miolo ativos mais capazes nos duelos defensivos, e colocou, uma vez mais, o jovem português à direita do ataque, deixando, com surpresa, Pepê nos suplentes. Muitos falaram que os dragões entraram para não ganhar, mas não concordo com essa leitura, nos titulares havia soluções para dominar e atacar a baliza do Benfica.
À entrada para o clássico existia uma necessidade evidente de Lage contrariar a postura defensiva do Benfica no jogo em Munique e foi conseguido. Pressionaram alto, com Carreras a apertar Fábio Vieira, Florentino a cair em Nico, Samu sem espaço e as dificuldades foram evidentes do lado visitante.
Com essas dinâmicas bem oleadas a superioridade foi evidente. O golo de Álvaro Carreiras – grande assistência de Tomás Araújo – foi apenas consequência de uma boa exibição coletiva.
O Benfica estava por cima, a ameaçar o 2.º, e os adeptos interromperam o bom momento da equipa. Pouco depois, por coincidência ou não, Samu faz o 1-1, onde Otamendi volta a ficar mal na fotografia, o argentino demonstra, jornada após jornada, que não está num bom momento e existe uma insistência, por parte da equipa técnica de Bruno Lage, que não se percebe.
Do outro lado, o FC Porto teve dificuldades para superar a pressão encarnada e chegar ao último terço em condições favoráveis. Samu foi bem marcado, Fábio Vieira e Nico não receberam entrelinhas para criar o desequilíbrio – Florentino e Aursnes decisivos neste momento – e o Galeno foi o “algo a mais” numa equipa apática como os azuis e brancos, mas que sozinho não foi preponderante, tendo apenas um remate com algum perigo.
Esta pressão alta aconteceu, pois a organização defensiva do Benfica apresenta algumas lacunas e a forma de “escondê-las” foi ganhar a bola no primeiro terço ofensivo portista, aplicando uma forte pressão logo no pontapé de saída.
No segundo tempo a equipa da casa voltou a todo o gás. Os dragões não conseguiram sair da pressão e o Benfica soube gerir e acelerar no tempo certo. Numa primeira instância, Akturkoglu recupera e com o passe de Aursnes, Di Maria devolve a vantagem às águias aos 56′. No autogolo de Nehuen Perez, ao minuto 61, fica patente a qualidade de passe de Tomás Araújo e a pouca coordenação da defesa do FC Porto. Facilmente os encarnados criaram vantagem para Bah cruzar.
Se Vítor Bruno achou ao intervalo que com o golo as coisas estavam melhores, errou completamente. Uma primeira parte tenebrosa que culminou com a entrada na segunda. Um Benfica muito bem posicionado a roubar e jogar como quis.
A partir daí, o jogo ficou arrumado. Capaz de ser uma das piores exibições, do século, do FC Porto num clássico perante o Benfica. Permitiu várias saídas às águias pelo corredor central e demasiado erráticos face ao que é costume nas visitas ao Estádio da Luz. O Benfica ainda viria a fazer quarto golo, novamente por Di Maria, desta vez de penálti.
Realçar as exibições individuais de Di Maria, Aursnes, Florentino, Akturkoglu e, especialmente, Tomás Araujo. O defesa usou este clássico para lançar, em definitivo, a sua carreira. Defendeu, organizou e ainda assistou. Nos dragões fica o desempenho do Diogo Costa que é uma autêntica muralha.
Com esta vitória os encarnados aproximam-se do top-2, com menos dois pontos que os dragões que estão com 27 e oito que o líder Sporting que venceu, nesta jornada, o Braga. Relembrar que, o Benfica tem um jogo por disputar, na Madeira, com Nacional.