
A anulação do penálti de Julián Álvarez no Atlético Madrid-Real Madrid gerou forte controvérsia, o que se percebe. O jogador argentino escorregou ao terminar a corrida, tocando na bola com o pé esquerdo, o de apoio, antes de rematar com o direito.
O contacto foi quase impercetível, sendo para muitos incompreensível o pontapé ter contado como falhado, após intervenção do VAR.
O que diz a lei?
No penálti, «a bola entra em jogo assim que seja pontapeada e se mova claramente (para a frente)». Além disso, 'o executante não deve tocá-la uma segunda vez sem que esta tenha antes tocado noutro jogador». É discutível se aquele primeiro toque moveu a bola de forma clara, mas é verdade que existiu e o avançado do Atlético só marcou no segundo momento, o tal do remate vitorioso.
A equipa de arbitragem decidiu bem?
Tecnicamente a decisão do VAR, obrigado a intervir em irregularidades relevantes nos penáltis, foi acertada. Aos olhos da lei, o lance foi ilegal e a decisão era a única possível.
Mas era isso que o futebol esperava?
Não! Esta regra foi pensada para evitar batotas deliberadas ou recurso a expedientes que beneficiassem o executante e a sua equipa. A ideia era sancionar a intenção de infringir. Não foi o que aconteceu. O avançado do Atlético foi sentenciado e julgado por... escorregar. Álvarez tocou na bola sem querer e não quis infringir nem contornar a lei. Foi acidental. E situações acidentais não devem ser sancionadas. É esse o espírito.
A posição da UEFA
Esteve muito bem o organismo que tutela o futebol europeu ao assumir posição pública sobre o lance e ao reconhecer que a legalidade da decisão não deu justiça à situação. A proposta de alteração para o IFAB é sensata: em casos destes, quando o primeiro contacto for inadvertido e/ou inócuo, não deve haver sanção.
Aqui, o cumprimento da lei redundou numa injustiça para o futebol, o que é a antítese do que se espera. Muitas das alterações às leis de jogo surgiram pela demonstração prática de que não funcionavam. Este poderá bem vir a ser a próxima.