Com o adeus de Rafael Nadal aos courts mais perto, Roger Federer partilhou uma emotiva carta de despedida, recordando os bons momentos vividos com o tenista espanhol.

«Enquanto te preparas para deixar o ténis, tenho algumas coisas para partilhar antes de emocionar-me. Vamos começar pelo óbvio: venceste-me muitas vezes. Mais do que eu consegui vencer-te. Desafiaste-me de uma maneira que mais ninguém conseguiu. Na terra batida, parecia que estava a pisar o teu quintal e fizeste-me trabalhar mais do que alguma vez pensei só para me aguentar», começou por dizer, com uma confissão:

«Tive de reimaginar o meu jogo, chegando mesmo a mudar o tamanho da cabeça da minha raqueta, na esperança de obter alguma vantagem», referiu, antes de abordar os rituais do espanhol: «Adorava aquilo tudo, era tão único, tão tu.»

«E sabes que mais, Rafa, fizeste-me gostar ainda mais do jogo», sublinhou, acrescentando: «OK, talvez não no início. Depois do Open da Austrália de 2004, alcancei pela primeira vez o primeiro lugar no ranking. Pensei que estava no topo do mundo. E estava — até dois meses mais tarde, quando entraste no court em Miami com a tua camisa vermelha de alças, exibindo aqueles bíceps, e me derrotaste de forma convincente. Todo aquele burburinho que tinha ouvido sobre ti — sobre este incrível jovem jogador de Maiorca, um talento desta geração, que provavelmente iria ganhar um major um dia — não era só um exagero.»

«Estávamos ambos no início da nossa viagem e acabámos por percorrê-la juntos. Vinte anos depois, Rafa, tenho de dizê-lo: que percurso incrível tiveste. Incluindo 14 Opens de França — histórico! Deixaste Espanha orgulhosa... deixaste todo o mundo do ténis orgulhoso», observou, antes de partilhar novas memórias, incluindo o convite para o lançamento da Academia Rafa Nadal em 2016.

«Na verdade, eu é que me convidei. Sabia que eras demasiado educado para insistires na minha presença, mas não queria faltar. Sempre foste um modelo para as crianças de todo o mundo e eu e a Mirka estamos muito contentes por os nossos filhos terem treinado nas tuas academias (...) embora sempre me preocupasse que os meus filhos voltassem para casa a jogar ténis como esquerdinos.»

«E depois houve Londres — a Laver Cup em 2022. O meu último jogo. Significou tudo para mim teres estado ao meu lado — não como meu rival, mas como meu parceiro de pares. Partilhar o court contigo naquela noite, e partilhar aquelas lágrimas, será para sempre um dos momentos mais especiais da minha carreira», escreveu.

«Rafa, sei que estás concentrado na última parte da tua épica carreira. Falaremos quando terminar. Por agora, quero apenas dar os parabéns à tua família e à tua equipa, que tiveram um papel fundamental no teu sucesso. E quero que saibas que o teu velho amigo está sempre a torcer por ti e que vai continuar a torcer muito por tudo o que fizeres a seguir», termina a carta.