“Está na altura de voltarmos às nossas raízes no que diz respeito à liberdade de expressão”, disse Mark Zuckerberg esta terça-feira, num comunicado em vídeo publicado na rede social Facebook onde anunciou o fim do programa de verificação de factos em vigor. Até agora, este recorria a orgãos de comunicação social e grupos de fact-checking independentes para verificar a veracidade das informações publicadas nas plataformas do grupo.

Para o diretor-executivo da Meta, que também controla o Whatsapp, Instagram e Threads, o atual sistema de verificação de factos implementado pelo grupo “atingiu um ponto em que tem demasiados erros e censura excessiva”. No mesmo vídeo, Zuckerberg afirma que “as eleições recentes também parecem marcar um ponto de viragem cultural para voltarmos a priorizar a liberdade de expressão”.

A implementação da nova política acontecerá de forma faseada e as primeiras alterações — em tudo semelhantes às adotadas pelo X de Elon Musk, que recorreu às Notas da Comunidade — serão visíveis apenas em território norte-americano. Desta forma, a Meta transferirá para os utilizadores a responsabilidade de adicionarem notas, ou mesmo correções, às publicações que possam conter informações falsas. Até ao momento, não foi anunciada qualquer alteração no mercado europeu, onde também operam parcerias entre as redes sociais da Meta e orgãos de comunicação especializados na verificação de actos.

A tomada de posição da Meta está a ser encarada pela comunicação social norte-americana como uma forma de o grupo se posicionar durante a Administração Trump. Num artigo também publicado esta terça-feira, sobre a decisão de Zuckerberg, o jornal “The New York Times” recorda as críticas feitas por Donald Trump a Mark Zuckerberg e às suas redes sociais.

De acordo com o Presidente eleito, a funcionalidade de verificação de factos tratava as publicações de utilizadores conservadores de forma injusta. A alteração à política de verificação de factos agora anunciada parece ir ao encontro das pretensões republicanas. As novidades foram anunciadas à comunicação social por Joel Kaplan, diretor de assuntos globais do grupo, numa nota intitulada “More Speech and Fewer Mistakes” — aludindo ao “excesso de moderação” que tem provocado queixas por parte dos setores mais conservadores da sociedade.