"Penso que, depois destas declarações sobre armas nucleares, é altura de a Alemanha apoiar as decisões corretas", afirmou Zelensky numa conferência de imprensa conjunta, em Kiev, com a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen.

Citado pelas agências noticiosas ucranianas, Zelensky avançou que está a trabalhar com os outros parceiros para que estes se juntem à decisão dos Estados Unidos da América, que após vários meses de hesitação autorizaram no fim de semana passado a Ucrânia a utilizar os mísseis de longo alcance norte-americanos ATACMS contra alvos no território russo.

Zelensky confirmou que detém os mísseis e que já os usou, como anunciou o Ministério da Defesa russo.

Agora o objetivo do líder ucraniano é conseguir que o chanceler alemão, Olaf Scholz, autorize o uso dos mísseis alemães Taurus.

Zelensky tem insistido que só permitindo que a Ucrânia dispare contra alvos militares e logísticos em território russo é que as capacidades das forças armadas da Rússia podem ser prejudicadas.

Putin assinou hoje um decreto que alarga a possibilidade de utilização de armas nucleares, permitindo o uso alargado deste tipo de armamento contra qualquer "agressão" por parte de um "Estado não nuclear, mas com a participação ou apoio de um país nuclear".

A ratificação ocorreu no dia em que assinalam mil dias da ofensiva russa contra a Ucrânia.

"Entre as condições que justificam o uso de armas nucleares está o lançamento de mísseis balísticos contra a Rússia", segundo o decreto.

Putin advertiu, no final de setembro, que Moscovo já poderia usar armas nucleares no caso de um "lançamento massivo" de ataques aéreos contra a Rússia e que qualquer ataque realizado por um país não nuclear, como a Ucrânia, mas apoiado por uma potência com armas atómicas, como os Estados Unidos, poderia ser considerado uma agressão "conjunta", exigindo potencialmente o uso de armas nucleares.

Desde o início do conflito na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, Putin tem falado sobre a possível utilização de armas nucleares.

Na mesma conferência de imprensa em Kiev, Zelensky criticou a falta de reação dos líderes do G20 (grupo das 20 maiores e emergentes economias do mundo), atualmente reunidos no Brasil, à revisão da doutrina nuclear russa.

"Hoje, os países do G20 estão reunidos no Brasil. Já disseram alguma coisa? Nada", afirmou Zelensky, lamentando a ausência de uma "estratégia forte" por parte destes países.

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